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Austrália convoca embaixador após comentários ofensivos de Erdogan

Turco afirmou que, se australianos e neozelandeses visitarem a Turquia com atitudes anti-muçulmanas, serão devolvido ao seu país em caixões "como seus avós"

Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália: premiê não aceitou desculpas de embaixador e pede retração pública de Erdogan (AP Image/Andrew Taylor/Reuters)

Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália: premiê não aceitou desculpas de embaixador e pede retração pública de Erdogan (AP Image/Andrew Taylor/Reuters)

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EFE

Publicado em 20 de março de 2019 às 06h11.

Sydney — O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, convocou nesta quarta-feira, 20, o embaixador da Turquia em seu país e o advertiu sobre possíveis novas ações, em resposta a comentários "muito ofensivos" do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, após o massacre da Nova Zelândia.

Erdogan referiu-se à campanha de tropas australianas e neozelandesas na península turca de Galípoli durante a Primeira Guerra Mundial e afirmou que quem visitar a Turquia com atitude anti-muçulmana será devolvido ao seu país em caixões "como seus avós".

O presidente turco deu estas declarações durante um ato eleitoral onde ele também mostrou imagens do vídeo gravado pelo responsável ao ataque às duas mesquitas de Christchurch e afirmou que se a Nova Zelândia não punir o autor do atentado, de nacionalidade australiana, a Turquia fará isso.

"Fiquei profundamente ofendido, como qualquer outro australiano", disse Morrison, à emissora australiana "ABC", antes do encontro com o embaixador turco.

"Esses comentários distorcem completamente a posição clara dos governos da Austrália e da Nova Zelândia em nossa resposta ao ataque extremista. Não poderíamos ser mais claros em nossa condenação e apoio à comunidade muçulmana", acrescentou após a reunião.

O embaixador turco, Korhan Karakoç, atribuiu os comentários a um contexto eleitoral, desculpas que não foram aceitas por Morrison, que exigiu uma retificação pública.

"Vou esperar para ver qual é a resposta do governo turco antes de tomar uma decisão, mas digo a eles que todas as opções estão na mesa", sentenciou Morrison.

Por sua parte, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, evitou criticar as declarações do presidente turco ao indicar que o ministro das Relações Exteriores de seu país, Wintson Peters, viaja para a Turquia, onde pretende esclarecer os comentários "frente a frente".

"(Peters) irá lá para esclarecer as coisas. Essa é uma oportunidade que deve ser aproveitada. Temos de garantir que o que se reflete é o retrato fiel da Nova Zelândia e os neozelandeses. E também, a nossa comunidade muçulmana", disse Ardern.

A premier, que visitou Chirstchurch pela segunda vez após o massacre que deixou 50 mortos e 50 feridos, entre eles vários turcos, lembrou que uma delegação do governo da Turquia está em seu país "para trazer uma mensagem de solidariedade à Nova Zelândia e os atingidos pelo ataque".

Perguntada se estava ofendida como Morrison, Jacinda Ardern respondeu que "não aceito que estejamos perdendo a nossa relação ou que a percamos no futuro", ao lembrar os laços com a Turquia, aonde a cada ano viajam milhares de neozelandeses para comemorar o desembarque de Galípoli. EFE

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