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Aumenta 50% o número de afegãs presas por "crimes morais"

Os tribunais afegãos consideram "crimes morais" escapar de casa ou manter relações sexuais fora do casamento


	Mulheres no Afeganistão: as mulheres acusadas desses crimes são submetidas sem seu consentimento a provas de virgindade
 (Majid Saeedi/Getty Images)

Mulheres no Afeganistão: as mulheres acusadas desses crimes são submetidas sem seu consentimento a provas de virgindade (Majid Saeedi/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2013 às 09h56.

Cabul - O número de mulheres e meninas presas por "crimes morais" aumentou 50% nos últimos 18 meses no Afeganistão, informou nesta terça-feira a Human Rights Watch (HRW).

Segundo dados do Ministério do Interior afegão, que a ONG analisou em comunicado, em outubro de 2012 cerca de 400 mulheres estavam na prisão pelos chamados "crimes morais", número que subiu "de forma alarmante" para 600 mulheres em maio de 2013.

Os tribunais afegãos consideram "crimes morais" escapar de casa ou manter relações sexuais fora do casamento.

Além disso, desde outubro de 2011 o número total de mulheres presas em cadeias e centros juvenis por diferentes causas aumentou 30%, de acordo com HRW.

"Quatro anos após adotar uma lei contra a violência da mulher e 12 anos após o fim do governo dos talibãs, as mulheres continuam sendo presas vítimas de casamentos forçados, de violência doméstica e do estupro", disse em comunicado Brad Adams, diretor da HRW na Ásia.

Um relatório da HRW de 2012 constatou que 95% das menores e 50% das mulheres presas no Afeganistão são acusadas do "crime moral" de escapar de suas casas ou de manter relações sexuais fora do casamento, ato denominado "zina" em afegão.

A "Zina" é um crime no país asiático punido com penas de até 15 anos e mulheres que foram estupradas ou forçadas a se prostituir foram condenadas por isso graças a essa lei.


As mulheres acusadas desses crimes são submetidas sem seu consentimento a provas de virgindade para esclarecer se são virgens e se mantiveram relações sexuais recentemente.

Segundo a organização de direitos humanos a maioria das mulheres e meninas foge de casamentos forçados e infantis e da violência doméstica.

Desde que os talibãs foram derrotados, há 12 anos, a situação da mulher no Afeganistão melhorou, especialmente no tocante ao acesso à educação e aos postos de trabalho, mas em muitos aspectos a mulher continua sendo muito discriminada.

No sábado, o Parlamento não aprovou uma lei contra a violência à mulher perante a oposição dos partidos mais conservadores que consideram anti-islâmico manter a idade legal do casamento nos 16 anos e a existência de abrigos para vítimas de abusos.

Segundo a Comissão Independente de Direitos Humanos do Afeganistão, entre março e outubro de 2012 foram registrados no país mais de 4 mil casos de violência contra as mulheres, 28% a mais que no mesmo período do ano anterior.

Com a retirada das tropas da Otan em 2014, especialistas acreditam que a situação da mulher afegã pode piorar.

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