Mundo

Auge do populismo faz democracias perderem liberdade, diz estudo

Os países "livres" representaram a maior proporção do total de nações com perdas de liberdade da última década

Homem em Gibraltar a favor da permanência britânica na UE (Marcelo del Pozo / Reuters)

Homem em Gibraltar a favor da permanência britânica na UE (Marcelo del Pozo / Reuters)

E

EFE

Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 14h53.

Washington .- As democracias consolidadas do mundo sofreram em 2016 um retrocesso no quesito liberdade devido ao auge do populismo e do nacionalismo, revelou o relatório anual da organização independente Freedom House publicado nesta terça-feira.

Em anos anteriores, o declive da liberdade se concentrou, principalmente, nas autocracias e ditaduras, que passaram "de mal a pior", mas em 2016 foram as democracias sólidas as que registraram as perdas mais significativas.

Dos 195 países avaliados pela Freedom House, 87 (45%) foram classificados como "livres", 59 (30%) como "parcialmente livres" e 49 (25%) como "não livres".

Os países "livres" representaram a maior proporção do total de nações com perdas de liberdade da última década e um quarto dos que viram diminuir sua liberdade estão na Europa.

Com a ascensão dos partidos nacionalistas e populistas no Reino Unido, na Alemanha, na França e em outras democracias em 2016, "a resultante ruptura da divisão tradicional esquerda-direita pôs em dúvida a sobrevivência dos governos estáveis e a oposição forte".

As grandes democracias "ficaram presas" na "ansiedade e na indecisão" após uma série de "eventos desestabilizadores", que a organização apresenta hoje em sua sede em Washington.

Entre esses eventos, destaca-se a chegada de Donald Trump à Casa Branca, uma "figura volátil" com "pontos de vista não convencionais" em política externa e outros assuntos, o que desperta "dúvidas sobre o papel futuro do país no mundo".

Além disso, o voto do Reino Unido para sair da União Europeia; o "colapso" do governo italiano após o fracasso do referendo da reforma constitucional; uma série de "movimentos antidemocráticos" do novo governo polonês e o terreno ganho por "partidos nacionalistas xenófobos em outros lugares da Europa". Todos estes fatos "põem em dúvida a força das alianças que deram forma às instituições da democracia global".

"À luz dos eventos do ano passado, já não se pode falar com confiança sobre a durabilidade em longo prazo da União Europeia, ou da incorporação da democracia e os direitos humanos como prioridades na política externa americana", afirma o relatório.

Também não é possível dizer com segurança "da resiliência das instituições democráticas na Europa Central, no Brasil e na África do Sul" ou "inclusive da expectativa que ações como o ataque à minoria rohingya em Mianmar e o bombardeio indiscriminado no Iêmen sejam criticados por governos democráticos e órgãos de direitos humanos das Nações Unidas".

"Nenhuma dessas suposições, parece, é completamente segura", aponta o relatório.

Ao mesmo tempo, em 2016 a Rússia "desdobrou arrogância e hostilidade assombrosas" ao "interferir" nos processos políticos dos Estados Unidos e outras democracias, aumentar seu apoio militar à "ditadura" de Bashar al Assad e "solidificar sua ocupação ilegal no território da Ucrânia". A China também "pulou" a lei internacional, enquanto "líderes sem escrúpulos" de Sudão do Sul, Etiópia, Tailândia e Filipinas "cometeram violações de direitos humanos de diferentes níveis com impunidade".

Acompanhe tudo sobre:DemocraciaPolítica

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado