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Atraso em Belo Monte não preocupa, afirmam especialistas

Construção da terceira maior usina do mundo só deve começar em 2011. Segundo especialistas do setor, suprimento energético do país não corre risco

Em capacidade de geração de energia, Belo Monte perde apenas para usina binacional de Itaipu (foto) e Três Gargantas, na China. (Divulgação/EXAME.com)

Em capacidade de geração de energia, Belo Monte perde apenas para usina binacional de Itaipu (foto) e Três Gargantas, na China. (Divulgação/EXAME.com)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 16 de novembro de 2010 às 15h32.

São Paulo - O início das obras da gigante Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas de Três Gargantas e Itaipu Binacional, deve ficar para o ano que vem. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, a usina recebeu pareceres contrários do IBAMA para as primeiras instalações, em razão do não cumprimento de condicionantes sócio-ambientais. De acordo com especialistas ouvidos por EXAME.com, o atraso nas obras pode gerar dor de cabeça aos construtores, mas não ameaça o suprimento energético do país.

"O risco do abastecimento de energia no Brasil ser prejudicado [em 2015, data prevista para o início do fornecimento], por causa da demora nas obras de Belo Monte é ínfima", avalia Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ). "Se a usina não estiver pronta e apta a operar, o consórcio responsável terá que comprar energia no mercado para cumprir o que estava contratado".

Segundo o professor da UFRJ, o risco maior do retardamento das operações é o prejuízo financeiro para o consórcio Nesa (Norte Energia S.A). "Como o fornecimento só está previsto para 2015, quanto mais cedo terminarem as obras e começarem as operações da usina, maior a possibilidade do consórcio vender energia no mercado livre e gerar um caixa-extra", diz.

Outro argumento que afasta os riscos de baixa no suprimento de energia é o de que uma hidrelétrica não começa a operar integralmente com todas as suas turbinas ao mesmo tempo. "Mesmo havendo atrasos, é certo que parte da usina estará pronta para operar e produzir energia", afirma Silvio Areco, diretor-executivo da consultoria de energia Andrade & Canellas.

Segundo o especialista, o sistema energético brasileiro está bem estruturado, com recursos para administrar imprevistos. "É importante destacar a existência de um contrato que deverá ser cumprido; compromisso é compromisso e a gestão do consórcio está consciente disso", afirma. "Condição para acender a luz vai ter, mas todo tipo de atraso provoca um remanejo no planejamento e gera custos".

Considerada o principal empreendimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - com custos estimados entre 19 bilhões e 30 bilhões de reais e capacidade de gerar 4.400 MW em média-, Belo Monte tinha obras previstas para começar em setembro. Mas por não cumprir uma série de condicionantes sócio ambientais impostas pelo IBAMA, a usina ainda não conseguiu a licença ambiental emitida pelo órgão.

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