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Ativistas protestam para marcar um ano de prisão de repórteres de Mianmar

Os jornalistas foram presos por conta de sua reportagem sobre um massacre em Mianmar, mas as autoridades negam

Protesto contra a prisão dos jornalistas da Reuters em Mianmar (Myat Thu Kyaw/Reuters)

Protesto contra a prisão dos jornalistas da Reuters em Mianmar (Myat Thu Kyaw/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 16h20.

Mais de 100 ativistas de Mianmar fizeram um protesto soltando balões em Yangon, nesta quarta-feira, para marcar a data de 1 ano da prisão de dois jornalistas da Reuters condenados a 7 anos de detenção em um caso histórico sobre a liberdade de expressão.

Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28 anos, foram condenados em setembro por violarem a Lei de Segredos Oficiais da nação, em um caso que despertou dúvidas sobre o progresso de Mianmar rumo à democracia e provocou revolta em defensores dos direitos humanos no mundo todo.

Estudantes, jornalistas e escritores vestidos com camisetas que diziam "Jornalismo não é crime" e "Libertem Wa Lone e Kyaw Soe Oo" acenderam velas e fizeram um minuto de silêncio pelos dois repórteres.

Alguns seguravam cópias da capa mais recente da revista Time, que destacou os jornalistas e suas famílias depois de eles serem selecionados entre um grupo de repórteres como "Personalidades do Ano" da publicação.

"Um ano atrás, os repórteres da Reuters Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram presos em uma armadilha da polícia, concebida para interferir com sua reportagem sobre um massacre em Mianmar", disse o editor-chefe da Reuters, Stephen J. Adler, em um comunicado nesta quarta-feira.

"O fato de que continuam na prisão por um crime que não cometeram cria dúvidas sobre o compromisso de Mianmar com a democracia, a liberdade de expressão e o Estado de Direito".

Os jornalistas apelaram da condenação, citando indícios de uma cilada da polícia e a falta de provas de um crime. Uma audiência de apelação está marcada para 24 de dezembro.

Durante oito meses de audiências, Wa Lone e Kyaw Soe Oo declararam que dois policiais que não haviam encontrado antes lhes entregaram papéis enrolados em um jornal durante um encontro em um restaurante de Yangon no dia 12 de dezembro. Quase imediatamente depois, disseram, eles foram lançados por agentes à paisana dentro de um carro.

No dia 1º de fevereiro uma testemunha da polícia disse ao ser questionada que as informações dos documentos já haviam sido publicadas em jornais. Em abril uma testemunha da acusação depôs dizendo que um policial de alto escalão ordenou que subordinados plantassem documentos em Wa Lone para "incriminar" o repórter.

Ainda em setembro a líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, disse que a prisão dos repórteres não teve relação com a liberdade de expressão, mas que eles foram condenados por manejar segredos oficiais e que "não foram presos por serem jornalistas".

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