Mundo

Ativistas americanos processados no Egito deixam o país

Grupo deixou o aeroporto do Cairo rumo a uma cidade europeia não divulgada, de onde decidirão seus planos de viagem para voltar aos Estados Unidos

A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland: "Continuamos profundamente preocupados com a perseguição de ONGs no Egito" (Massoud Hossaini/AFP)

A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland: "Continuamos profundamente preocupados com a perseguição de ONGs no Egito" (Massoud Hossaini/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de março de 2012 às 19h41.

Washington - O Departamento de Estado americano informou nesta quinta-feira que um grupo de ativistas americanos retidos no Egito saiu do país, um dia após as autoridades do Cairo suspenderem a proibição de viajar que pesava contra eles.

O grupo deixou o aeroporto do Cairo rumo a uma cidade europeia não divulgada, de onde decidirão seus planos de viagem para voltar aos Estados Unidos, indicou a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, que não especificou quantos dos 19 americanos processados viajavam no avião.

A aeronave, fretada por Washington, transporta também um número indeterminado de ativistas de nacionalidade 'norueguesa, sérvia, palestina e alemã', declarou a porta-voz em sua entrevista coletiva diária.

'Estamos muito satisfeitos que a promotoria egípcia tenha suspendido a proibição de viajar a nossos funcionários de ONGs. O governo dos Estados Unidos proporcionou um avião para facilitar sua saída e eles deixaram o país. Estão agora a caminho de casa', disse Nuland.

A porta-voz não confirmou os relatórios de imprensa segundo os quais apenas sete dos americanos acusados abandonaram o país e não quis especificar o número exato nem a cidade europeia onde farão escala 'por respeito aos indivíduos, para dar-lhes um pouco de espaço'.

A saída dos ativistas americanos, acusados de financiamento ilícito, foi viabilizada após as entidades terem pagado a fiança estabelecida pelas autoridades egípcias, de 2 milhões de libras egípcias (cerca de R$ 565 mil) por cada um dos réus.


As organizações pagaram também a fiança de nove ativistas americanos que conseguiram abandonar o país antes da apresentação formal das acusações.

No entanto, Nuland esclareceu que a suspensão da proibição de viagem não dissipou as preocupações de Washington sobre 'o papel que as ONGs representam na democracia em transição do Egito'.

'Continuamos profundamente preocupados com a perseguição de ONGs no Egito e o resultado final deste processo legal, e seguiremos trabalhando com o governo egípcio nesses assuntos', ressaltou a porta-voz.

Os Estados Unidos, portanto, não tomaram uma decisão sobre se concederão ou não a ajuda militar prevista para o Egito no próximo ano fiscal - a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ameaçou retirar caso não se resolva em breve a disputa sobre as ONGs.

Hillary levará em conta 'o processo eleitoral em andamento' e 'todos os assuntos que se refiram à democracia' no parecer que deverá fazer ao Congresso em abril, assinalou Nuland, que não quis especificar se o julgamento às ONGs será crucial nessa decisão.

'Só quero dizer que queremos ver a situação com as ONGs resolvida de uma maneira que permita a todas as ONGs, as nossas, as europeias, as internacionais e as egípcias, se registrarem', afirmou.

Ao todo, 43 funcionários foram acusados de criar e administrar organizações internacionais sem a permissão do governo egípcio e de receber verbas ilegais do exterior para realizar atividades políticas.

Apenas 14 egípcios tinham comparecido à Justiça até agora, um processo que se complicou na terça-feira com a retirada dos juízes encarregados do caso, o que obriga agora a formação de um novo tribunal. 

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEgitoEstados Unidos (EUA)ONGsPaíses ricos

Mais de Mundo

Alemanha vê sinais de avanços na disputa comercial entre UE e EUA

Departamento de Justiça dos EUA alertou Trump sobre citação em arquivos de Epstein, diz jornal

Brasil entra formalmente em ação da ONU contra Israel por genocídio em Gaza

Israel ameaça Gaza com nova escalada se não houver trégua com libertação de reféns