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Ativista indiana Sharmila abandona greve de fome de 16 anos

Ela justificou sua decisão de abandonar a greve de fome e entrar para a política afirmando que precisa do "poder", porque em seu país "não há democracia real"


	Irom Sharmila: a ativista começou seu jejum em 2000, após o assassinato de dez pessoas em uma parada de ônibus na cidade de Malom
 (REUTERS/Stringer)

Irom Sharmila: a ativista começou seu jejum em 2000, após o assassinato de dez pessoas em uma parada de ônibus na cidade de Malom (REUTERS/Stringer)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2016 às 10h57.

Imphal - A ativista indiana Irom Sharmila deixou nesta terça-feira a greve de fome que mantinha há 16 anos para reivindicar o fim de uma lei que dá poderes especiais às Forças Armadas em certas regiões da Índia, como em seu estado natal de Manipur, no nordeste do país.

Cercada por dezenas de jornalistas, Sharmila entrou em um tribunal da cidade de Imphal, a capital regional, pouco antes das 11h locais (2h30 de Brasília), onde revelou sua decisão de encerrar a greve de fome que mantinha desde o ano 2000, e solicitou a fiança a seu favor, algo do qual tinha se negado até agora, indicou à Agência Efe o advogado Naveen Kumar.

Na ata da audiência, da qual a Efe teve acesso, o magistrado aceitou a fiança de 10 mil rúpias (US$ 150) apresentada a seu favor.

Em seguida, a ativista conhecida como "Dama de Ferro" de Manipur teve uma tumultuosa e breve interação com os veículos de imprensa em Imphal, e foi levada por motivos médicos ao hospital no qual esteve confinada durante os últimos anos e onde era alimentada à força através de uma sonda.

Apesar de a ata judicial prever sua liberdade com pagamento de fiança, segundo disse Sharmila aos jornalistas, "não está claro" se ela poderá ficar em liberdade.

No entanto, a ativista deverá comparecer ao mesmo tribunal no dia 23 de agosto, informou à Efe Babloo Loitongban, ativista e porta-voz habitual de Sharmila.

A ativista começou seu jejum em novembro de 2000, após o assassinato, cometido por integrantes do Exército, de dez pessoas em uma parada de ônibus na cidade de Malom.

Depois disso, Sharmila iniciou uma cruzada contra a Lei de Faculdades Especiais das Forças Armadas (AFSPA), uma legislação aprovada em 1958 para o nordeste do país, onde proliferam os grupos separatistas, com o objetivo de combater grupos armados, e que permite que os militares atuem à margem do sistema de justiça.

Essas ações incluem o uso de força letal contra os que descumpram leis e ordens e a capacidade de agir sem mandatos judiciais, uma discricionariedade que, segundo a Anistia Internacional, permite que as forças de segurança "executem e torturem com impunidade".

Sharmila iniciou o jejum três dias depois do "massacre" ocorrido em Malom, a poucos quilômetros de Imphal, quando vários soldados mataram dez civis que esperavam em um ponto de ônibus, como represália a um ataque com bomba que seu comboio tinha sofrido.

A ativista anunciou sua intenção de se dedicar à política e de participar como candidata independente nas eleições regionais de Manipur, que acontecerão no ano que vem, e justificou sua decisão de abandonar a greve de fome e entrar para a política afirmando que precisa do "poder", porque em seu país "não há democracia real".

Além disso, a ativista disse que não teme por sua vida e que está disposta a seguir os passos de Mahatma Gandhi.

"Preciso do poder, não há democracia real (na Índia), a política está cheia de sujeira", afirmou Sharmila, visivelmente emocionada, aos jornalistas em frente ao hospital de Imphal.

"Quero entrar para a política como o nome que me deram: A Dama de Ferro de Manipur. Quero estar à altura desse nome", disse a ativista.

Sharmila indicou que quer concorrer à chefia de governo de Manipur para "convencer todo o mundo para que a sociedade dê passos positivos". "Sou a personificação da revolução e quero ser a chefe do governo de Manipur para ajudar as pessoas", concluiu a ativista. 

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