Mundo

Ativista da Pussy Riot diz que amigas correm risco na prisão

A condenação das ativistas causou forte reação internacional e oposicionistas russos dizem que elas são vítimas de uma onda de perseguição de Putin


	Integrantes do Pussy Riot são ouvidas em um tribunal na Rússia: Samutsevich previu que o governo Putin acabará caindo por causa de um levante popular
 (Maxim Shemetov/Reuters)

Integrantes do Pussy Riot são ouvidas em um tribunal na Rússia: Samutsevich previu que o governo Putin acabará caindo por causa de um levante popular (Maxim Shemetov/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 19h58.

Moscou - Duas integrantes da banda punk da Rússia Pussy Riot condenadas a dois anos de prisão por protestarem contra o presidente russo numa catedral de Moscou estão submetidas a rigorosas prisões ao estilo soviético, onde suas vidas podem correr risco por causa da falta de remédios e de água quente nos gélidos invernos locais, segundo uma terceira componente do grupo, já libertada.

A condenação das ativistas causou forte reação internacional e oposicionistas russos dizem que elas são vítimas de uma onda generalizada de perseguição de Putin contra dissidentes.

Na quinta-feira, Putin disse que as mulheres "mereceram" a condenação por causa da "oração punk" que realizaram numa catedral ortodoxa da capital.

Yekaterina Samutsevich, que venceu um recurso judicial que a tirou da prisão neste mês, falou à Reuters sobre o campo prisional de Mordovia, cerca de 500 quilômetros a sudeste de Moscou, onde sua colega Nadezhda Tolokonnikova está cumprindo pena.

"Não há água quente em Mordovia, e só há roupas especiais distribuídas pela prisão, que são muito frias para o clima. Não há remédios. Na época soviética achavam que, se a pessoa adoecesse, era problema dela ... Se alguém adoece e ninguém socorre, elas podem morrer... infelizmente, já houve casos assim, e eles acontecem periodicamente." A outra ativista presa, Maria Alyokhina, deve ir para um campo prisional na cidade de Perm, nos montes Urais, um local que era usado como prisão política nos tempos soviéticos. Ela ainda não foi transferida para lá.


Samutsevich, uma programadora de informática de 30 anos, pequena e inflamada, deu a entrevista à Reuters num pequeno McDonald's de uma cidade próxima a Moscou por causa de preocupações com a sua segurança.

A primeira parte da conversa foi filmada e aconteceu ao ar livre, sob um vento forte e frio, porque o restaurante não admitiu câmeras no interior.

Samutsevich previu que o governo Putin acabará caindo por causa de um levante popular e disse que a repressão contra dissidentes mostra como o Kremlin está assustado.

"O sistema em si está desmoronando", disse ela. "Está se tornando mais repressivo ... Quem está no poder tem fortíssimos temores e seu comportamento está cada vez mais selvagem. Podemos acabar com um colapso total, como a União Soviética." Putin, que já foi presidente entre 2000 e 2008 e primeiro-ministro nos últimos quatro anos, está agora iniciando um novo mandato presidencial de seis anos, para o qual foi eleito em março com 63,6 por cento dos votos.

Adversários dizem que o domínio do Kremlin sobre os meios de comunicação, o uso da máquina pública, restrições aos adversários e fraudes eleitorais permitiram esse resultado.

Samutsevich disse que a prioridade da banda Pussy Riot agora é lutar pela libertação das duas colegas presas, e que outras integrantes podem ajudar. "A banda não consiste só em nós três. Há bem mais gente, umas 20 integrantes na banda."

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaPolítica no BrasilPrisõesProtestosRússia

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições