Afegãos inspecionam local de ataque de carro bomba que deixou pelo menos 13 mortos no leste do Afeganistão - 27/05/2017 (Reuters/Reuters)
AFP
Publicado em 27 de maio de 2017 às 12h17.
Um atentado com carro-bomba reivindicado pelos talibãs e, ao que parece, dirigido contra uma milícia financiada pela CIA, deixou 13 mortos entre civis e militares neste sábado em Khost, no leste do Afeganistão.
Vários membros das Forças de Proteção de Khost, conhecidas por seus abusos, inclusive contra a população, destacam-se entre as vítimas desta explosão ocorrida pela manhã em uma estação de ônibus.
Um balanço anterior do porta-voz do ministério do Interior no Twitter falava em 18 mortos e seis feridos na "estação de ônibus de Khost", cidade próxima à fronteira com o Paquistão e às zonas tribais do país.
O porta-voz Najib Danish posteriormente revisou o balanço para baixo em um comunicado, afirmando que "o ataque, ocorrido às 08H25 (locais), deixou 13 mortos e oito feridos, entre eles duas crianças".
Segundo Danish, "o alvo era a rodoviária: as vítimas vestiam-se como civis, é difícil confirmar sua identidade por enquanto", declarou à AFP.
Mas para o chefe da polícia provincial, Faizulah Ghairat, contactado pela AFP, o atentado apontava especificamente para uma milícia da província que opera contra os rebeldes islamitas, as Forças de Proteção de Khost.
"A explosão foi contra as forças de segurança quando se dirigiam para realizar seu serviço", declarou Ghairat. "Entre as vítimas figuram civis e membros da milícia que trabalham com as tropas americanas", acrescentou.
As forças americanas no Afeganistão têm uma base próxima ao aeroporto de Khost, Camp Chapman, que operam conjuntamente com as forças afegãs.
No mês passado, essa base foi atacada por um carro-bomba, que explodiu nos portões de acesso em 24 de abril. Quatro afegãos morreram e seis ficaram feridos, segundo um responsável. Nesse dia, o chefe do Pentágono, o general Jim Mattis, estava de visita a Cabul.
As Forças de Proteção de Khost, que operam como uma milícia sob a supervisão da CIA, têm uma reputação marcada pela violência e pela obscuridade. São acusadas de torturas, sequestros, detenções arbitrárias e operações noturnas secretas.
Os talibãs reivindicaram a operação em seu site no marco da ofensiva da primavera, batizada de "Operação Mansuri", nome de seu antigo líder.
"Nesta manhã foi atacado um comboio de soldados vestidos como civis e utilizando veículos civis. Vinte e duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas", afirmaram.
Os talibãs lançaram sua ofensiva da primavera no fim de abril e multiplicaram as operações contra as forças afegãs: nesta semana lançaram três ataques coordenados na província de Kandhar contra bases militares, deixando mais de 60 mortos.
O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, alertou no mês passado sobre "outro ano difícil" para as forças de segurança no Afeganistão.
Os Estados Unidos e vários de seus aliados da Otan estão analisando o envio de milhares de tropas adicionais para tentar reverter a situação frente os rebeldes.
O Pentágono prevê solicitar milhares de efetivos a mais para o Afeganistão, onde atualmente estão presentes 13.500 militares da Otan para ajudar o governo de Cabul a enfrentar as forças talibãs.