Kiev ficou às escuras depois dos ataques russos na segunda-feira (26). (SERGEY DOLZHENKO/EFE)
Redator na Exame
Publicado em 27 de agosto de 2024 às 06h04.
Última atualização em 27 de agosto de 2024 às 09h28.
A guerra na Ucrânia atingiu um novo patamar de destruição e violência, com a Rússia lançando mais de 200 mísseis e drones em um ataque massivo que teve como alvo a infraestrutura de energia do país. O governo ucraniano informou que sete pessoas morreram, e várias regiões enfrentaram apagões e cortes no fornecimento de água, em um dos ataques mais devastadores desde o início do conflito. De acordo com a Reuters, a investida ocorre em um momento de escalada nas hostilidades, com a Ucrânia tentando recuperar territórios enquanto a Rússia intensifica suas ações militares.
A Ucrânia, que tem enfrentado uma guerra brutal desde a invasão russa em fevereiro de 2022, viu seu sistema de energia ser repetidamente alvo de ataques desde março deste ano. A estratégia russa parece focada em enfraquecer a infraestrutura crítica do país, especialmente à medida que o inverno se aproxima, uma estação em que a necessidade de eletricidade e aquecimento é mais vital.
Segundo o comandante da Força Aérea ucraniana, Mykola Oleshchuk, as defesas aéreas do país conseguiram abater 102 dos 127 mísseis lançados pela Rússia e 99 dos 109 drones. Apesar desse sucesso parcial, os danos foram significativos, com 15 regiões relatando danos extensivos, segundo o primeiro-ministro ucraniano Denys Shmyhal. O presidente Volodymyr Zelenskiy destacou que o setor de energia foi particularmente afetado.
Os Estados Unidos condenaram os ataques russos, com o presidente Joe Biden classificando as ações como uma violação inaceitável do direito internacional. Washington anunciou que continuará a fornecer equipamentos de energia para ajudar a Ucrânia a reparar seus sistemas e manter a rede elétrica funcional.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que os ataques usaram armas de alta precisão para atingir instalações de energia que, segundo o governo russo, são usadas para apoiar o complexo militar-industrial da Ucrânia. Entre os alvos estavam subestações de energia, estações de compressão de gás e locais de armazenamento de armas.
Em resposta ao avanço russo, Zelenskiy anunciou que tomaria medidas para fortalecer ainda mais a frente de Pokrovsk, indicando que a Ucrânia está preparada para continuar a resistência apesar das dificuldades.
Além das operações militares, a situação na Ucrânia está gerando preocupações entre os países vizinhos. A Polônia, membro da OTAN, relatou a possível entrada de um objeto em seu espaço aéreo, acreditando-se tratar de um drone. A busca por esse objeto ainda está em andamento, aumentando as tensões na região. Na Belarus, dois drones russos cruzaram a fronteira, segundo informações da força aérea ucraniana, aumentando os temores de uma possível escalada do conflito para além das fronteiras ucranianas.
Em meio a essa escalada, Zelenskiy renovou seu apelo aos aliados para que intensifiquem os esforços na defesa contra mísseis e drones sobre o território ucraniano. Desde o início da invasão, a Ucrânia desenvolveu uma série de drones de ataque de longo alcance, que têm sido utilizados para atingir alvos em solo russo, incluindo refinarias de petróleo e bases militares.
O recente ataque deixou pelo menos 47 pessoas feridas, incluindo quatro crianças. As regiões mais afetadas incluíram Volyn, Rivne, Khmelnytskyi, Lviv, Ivano-Frankivsk, Zhytomyr, Dnipropetrovsk, Kirovohrad, Vinnytsia, Zaporizhzhia e Odesa. Algumas dessas áreas enfrentaram cortes de energia e danos a instalações críticas, como uma hidrelétrica na região de Kyiv, que foi alvo de um ataque confirmado por vídeos verificados que mostravam uma barragem danificada e um incêndio.
Em outras partes do país, ataques também atingiram infraestrutura ferroviária e prédios residenciais, causando mortes e destruição. Entre as vítimas estavam um homem de 69 anos na região de Dnipropetrovsk e um agricultor na região de Zaporizhzhia. As explosões também foram ouvidas em Kyiv, onde as defesas aéreas entraram em ação para interceptar os mísseis em aproximação.