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Ataques de rebeldes em Mianmar deixam 71 mortos

De acordo com um balanço publicado, 12 membros das forças de segurança e 59 "terroristas" rohingyas morreram nos ataques

Rua deserta em Maungdaw, estado de Rakhine, após ataques (Wai Moe/AFP)

Rua deserta em Maungdaw, estado de Rakhine, após ataques (Wai Moe/AFP)

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AFP

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 09h20.

Ao menos 71 policiais e rebeldes morreram nesta sexta-feira na região oeste de Mianmar após vários ataques de muçulmanos rohingyas contra postos na fronteira, em combates sem precedentes em vários meses, segundo autoridades birmanesas.

De acordo com o balanço publicado pelos serviços da conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, 12 membros das forças de segurança e 59 "terroristas" rohingyas morreram nos ataques.

"Militares e policiais combatem juntos contra os terroristas bengaleses", escreveu mais cedo o general Min Aung Hlaing em sua página no Facebook.

O termo "rohingya" é tabu em Mianmar, onde eles são considerados imigrantes do vizinho Bangladesh e por isto são chamados de "bengaleses" neste país de maioria budista, marcado pela influência de monges radicais que denunciam os muçulmanos como uma ameaça.

Estes são os confrontos mais violentos em vários meses na região do estado de Rakhine, cenário de grande tensão entre muçulmanos e budistas.

No estado vivem dezenas de milhares de rohingyas, uma minoria muçulmana vítima de fortes discriminações em Mianmar. Eles não têm acesso a hospitais, escolas nem ao mercado de trabalho.

Mais de 20 delegacias de polícia foram atacadas por 150 rebeldes rohingyas na manhã de sexta-feira, de acordo com o governo civil de Aung San Suu Kyi.

O general Min Aung Hlaing destacou que "os combates prosseguiam" nesta sexta-feira na região de fronteira com Bangladesh, principalmente ao redor das delegacias de polícia das cidades de Kyar Gaung Taung e Nat Chaung.

Os rebeldes roubaram armas em várias delegacias, disse o militar.

O modus operandi se parece com o utilizado em uma série de ataques letais contra postos de fronteira em outubro de 2016.

Após os confrontos, milhares de rohingyas fugiram para o vizinho Bangladesh e denunciaram que o exército cometeu estupros coletivos, torturas e assassinatos em massa.

Várias delegacias atacadas nesta sexta-feira permaneciam cercadas várias horas depois, segundo fontes policiais.

"A situação é complicada. Os militares devem enviar reforços", afirmou o chefe de polícia de Buthidaung, perto da área mais afetada.

O governo birmanês mencionou "a coincidência dos ataques com a publicação do relatório final" da comissão liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan sobre a situação no estado de Rakhine.

A comissão estimulou o governo a dar mais direitos aos rohingyas, para evitar uma "radicalização".

Após os confrontos de 2016, o exército intensificou as ações na região, incendiando vilarejos e obrigando os rohingyas a fugir para Bangladesh.

Não está muito quais grupos rohingyas participam nos ataques, mas muitos alegaram pertencer ao Arakan Rohingya Salvation Army (ARSA), que afirma organizar a insurreição a partir das montanhas de May Yu, norte do estado de Rakhine.

A situação é particularmente difícil para os 120.000 muçulmanos que vivem nos acampamentos de deslocados no estado de Rakhine, de onde poucos podem sair, graças a salvo-condutos.

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