Dohuk - Milhares de pessoas deslocadas pela violência no norte do Iraque chegavam nesta quarta-feira à região do Curdistão, enquanto o Ocidente se mobilizava para conter o avanço dos jihadistas fornecendo armas aos combatentes curdos.
Neste contexto de crise, o primeiro-ministro em fim de mandato Nuri al-Maliki, assegurou nesta quarta-feira que não deixará o poder sem uma decisão judicial, desafiando o presidente da República, que encarregou a formação do governo a Haidar al-Abadi, apoiado pela comunidade internacional.
No norte do Iraque, os Estados Unidos prosseguem com seus ataques aéreos contra posições jihadistas do Estado Islâmico (EI) na região de Sinjar, onde entre 20.000 e 30.000 pessoas, em sua maioria da comunidade de língua curda e não mulçumana Yazidi, estão encurralados sem água, sem comida e abrigo, segundo o Alto Comissariado da ONU para os refugiados (Acnur).
Milhares de outras pessoas continuam a chegar em Dohuk, na região autônoma relativamente calma do Curdistão após fugirem via Síria, as mulheres carregando seus filhos, exaustos e chorosos. Terça-feira o número de deslocados na região era estimado em 35.000 pelo Acnur.
Um entre eles, Mahmud Bakr, de 45 anos, conta ter deixado seu pai com muitos deslocados nas montanhas de Sinjar. "A maioria são pessoas idosas, que não podem andar tanto".
Armas aos curdos
No acampamento de Bajid Kandala no Curdistão, que recebe milhares de yazidis, dezenas de jovens e crianças pedem mais ajuda.
"Não temos pão, pouca água. Estamos desesperados, a ponto de querer deixar o Iraque", declara Nasser, de 30 anos. "Muitas pessoas estão passando fome", afirma Khodr Hussein.
Centenas de milhares de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas devido à ofensiva do EI que tomou desde 9 de junho extensas áreas ao norte, a oeste e a leste de Bagdá, sem encontrar resistência das forças armadas iraquianas.
Há dez dias, os jihadistas têm avançado em direção ao Curdistão, perseguindo e expulsando dezenas de milhares de membros da minoria cristã yazidi de suas cidades, particularmente em Sinjar e Qaraqosh, que caíram nas mãos do EI. As forças curdas tentam, com grande dificuldade, frear este avanço.
"Vamos fazer uma avaliação rápida e crítica, porque é urgente tentar tirar essas pessoas das montanhas" de Sinjar, declarou o secretário de Estado americano, John Kerry.
Washignton enviou 130 assessores militares adicionais a Erbil, norte do Iraque, para avaliar "com mais profundidade" as necessidades da minoria yazidi encurralada pelos milicianos sunitas. Eles se somam aos 300 conselheiros já no país.
Americanos e britânicos lançaram nos últimos dias nas montanhas de Sinjar alimento e água aos deslocados, enquanto a França entregou 18 toneladas de ajuda humanitária na cidade de Erbil. Um segundo avião francês carregado de ajuda humanitária chegou nesta quarta-feira com 20 toneladas de medicamentos, barracas e material de tratamento e distribuição de água para 50.000 pessoas.
Além da ajuda humanitária, os ocidentais decidiram enviar armas às forças curdas. Após os Estados Unidos, a França anunciou que fornecerá ajuda militar "nas próximas horas", e Londres indicou que transportará o material fornecido por outros países.
Já a União Europeia prepara uma reunião extraordinária dos chefes da diplomacia sobre o conflito no Iraque, que pode ser realizada ainda nesta semana, segundo um porta-voz dos serviços da alta representante, Catherine Ashton.
Maliki se recusa a deixar o poder
Envolvidos militarmente pela primeira vez no Iraque desde a retirada de suas tropas no final de 2011, os Estados Unidos realizam desde sexta-feira ataques contra os jihadistas acusados de perseguir as minorias do país, além de cometerem execuções sumárias e estupros.
O papa Francisco pediu, por sua vez, em uma longa carta ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que faça tudo que estiver a seu alcance para acabar com a violência contra as minorias religiosas no norte do Iraque.
Neste contexto, o recém-nomeado primeiro-ministro Haïdar al-Abadi, que obteve o apoio em massa da comunidade internacional, empenha-se em formar um governo de união nacional que reúna todas as forças políticas de um país fragmentado por tensões religiosas. Ele tem até o dia 9 ou 10 de setembro para anunciar seu gabinete.
Mas Maliki não deve facilitar esse trabalho, mesmo estando isolado, após ter sido abandonado por seus aliados iraniano e americano e por membros de seu próprio bloco xiita.
"Confirmo que o governo continuará e que não serei substituído sem uma decisão da corte federal", disse Maliki, que se considera um nome legítimo para um terceiro mandato.
Maliki acusou o presidente Fuad Masum de ter violado a Constituição com a nomeação de Abadi, um membro de Dawa, seu próprio partido, e anunciou que denunciará a decisão ante o Tribunal Federal.
Mas, segundo os analistas, independente da decisão da corte, Maliki tem poucas chances de permanecer no poder, depois de ter perdido muitos aliados.
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1. O poder dos radicais
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1/22 (Reuters)
São Paulo -- Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (
EIIL) vêm exibindo uma variedade impressionante de armas. Muitas foram capturadas do próprio exército iraquiano, que os extremistas derrotaram em diversas batalhas no norte do país. Veja alguns equipamentos bélicos que já foram vistos em poder do EIIL.
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2. Tanques T-55
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2/22 (John Harwood / Wikimedia Commons)
Os T-55 são tanques russos que os extremistas teriam capturado das forças iraquianas. Seguem o desenho básico do T-54, tanque soviético desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. Há variantes do T-55 com mira a laser, controle de tiro computadorizado, sistemas avançados de radiocomunicação e armadura explosiva, que repele projéteis antitanques.
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3. Tanque M-1 Abrams
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3/22 (D. W. Holmes II / US Navy / Wikimedia Commons)
Os americanos já enviaram centenas de tanques M1 Abrams ao Iraque. Segundo
relatos, o EIIL teria capturado alguns deles. O Abrams pesa quase 70 toneladas e é movido por uma potente turbina a gás. É um tanque avançado, com uma rede de sensores que alimentam um computador de bordo capaz de calibrar os disparos com precisão.
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4. Canhão 59-1
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4/22 (Lance Lanham / US Army / Wikimedia Commons)
Há relatos de EIIL teria canhões do tipo 59-1, capturados do exército iraquiano. Trata-se da cópia chinesa de um canhão russo desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. O original tinha alcance superior a 27 quilômetros. Durante muitos anos, foi o canhão rebocável com maior alcance no mundo.
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5. Canhão antiaéreo ZU-23-2
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5/22 (Serge Serebro / Vitebsk Popular News / Wikimedia Commons)
O ZU-23-2 é um canhão antiaéreo duplo projetado no final da década de 1950 na União Soviética. Dispara balas de 23 milímetros de diâmetro a até 2,5 km de distância. Pode derrubar aviões e helicópteros ou atingir alvos terrestres. O exército iraquiano tem unidades fabricadas na Bulgária e na Polônia. Segundo relatos, algumas delas foram parar nas mãos do EIIL.
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6. Canhão antiaéreo tipo 65/74
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6/22 (Joe Mabel / Wikimedia Commons)
Um vídeo de propaganda do EIIL mostra um canhão antiaéreo que especialistas dizem ser uma arma chinesa tipo 65 ou 74 (o 74 é uma versão aperfeiçoada do 65). É um canhão de 37 milímetros com dois canos, derivado de um antigo projeto soviético. A versão original disparava 60 balas por minuto a até 8,5 km de distância.
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7. Mísseis terra-ar
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7/22 (US Army / Wikimedia Commons)
Combatentes do EIIL foram vistos com pequenos mísseis terra-ar conhecidos como MANPADS. Eles são disparados de um lançador tubular portátil, que é apoiado no ombro do soldado, e podem derrubar helicópteros voando baixo. Há inúmeras variantes dessas armas. Muitas não são guiadas, mas as mais avançadas são orientadas por raios infravermelhos ou por laser.
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8. Míssil antitanque Hongjian-8
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8/22 (Kizilsungur / Wikimedia Commons)
O míssil Hongjian-8 (ou HJ-8) é um projeto chinês dos anos 80. É fabricado na China e no Paquistão. O míssil é disparado de um lançador tubular e guiado por um fio até o alvo. É capaz de destruir as blindagens ativas de tanques, que usam explosivos para defletir projéteis. Tem sido usado ocasionalmente na guerra civil Síria.
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9. Lança-foguetes RPG-7
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9/22 (Kenneth Lane / US Marine Corps / Wikimedia Commons)
O lança-foguetes russo RPG-7 é uma das armas antitanque mais usadas no mundo. É apreciado no campo de batalha por ser confiável e relativamente fácil de usar. É disparado apoiado sobre o ombro do soldado. A munição é uma granada-foguete não guiada, capaz de atingir alvos a até 200 metros de distância.
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10. Metralhadora DShK
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10/22 (Erwin Franzen / Wikimedia Commons)
A DShK é uma peça de museu, mas é mortal. Foi desenvolvida pela União Soviética no final da década de 1930 e chegou a ser usada na Segunda Guerra Mundial. Essa metralhadora pesada dispara 600 balas de 12,7 mm de diâmetro por minuto. Segundo relatos, o EIIL teria algumas delas montadas em caminhões.
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11. Metralhadora M240
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11/22 (Eric Powell / US Navy / Wikimedia Commons)
A M240 é uma metralhadora de médio porte projetada na Bélgica e usada pelas forças armadas americanas desde o final dos anos 70. Dispara entre 750 e 950 balas por minuto e tem alcance de até 1,8 km. É comum vê-la montada em tanques e outros veículos de combate.
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12. Metralhadora M60
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12/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
A M60 é usada desde 1957 pelas forças armadas americanas. Mas é capaz de fazer estragos. Ela dispara mais de 500 balas (de 7,62 mm de diâmetro) por minuto e atinge alvos a mais de 1 quilômetro de distância. Em geral, é operada por dois ou três soldados. Enquanto um puxa o gatilho, os outros vigiam os alvos e municiam a arma.
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13. Fuzil M16
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13/22 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)
O M16, fuzil automático leve do exército americano, é uma das armas vistas nas mãos dos combatentes do EIIL. É derivado do AR-15, projetado em 1956. Estima-se que 8 milhões de unidades do M16 já tenham sido fabricadas. Dessas, 90% seguem em uso em mais de 80 países. Com 1 metro de comprimento, o fuzil pesa 4 kg e é capaz de matar alguém a mais de 500 metros de distância.
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14. Carabina M4
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14/22 (James Harper Jr. / US Army / Wikimedia Commons)
A carabina M4 é a versão mais curta (84 cm) e mais leve (3,4 kg quando carregada com 30 balas) do fuzil M16. Foi adotada pelo exército americano em 1994 e é muito usada para combate em áreas urbanas. Tem coronha telescópica, o que permite encolhê-la para 76 cm.
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15. Lança-granadas M203
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15/22 (Exército da Austrália / Wikimedia Commons)
O M203 é um lança-granadas que funciona acoplado sob o cano de um fuzil ou carabina. Ao invadir uma casa, por exemplo, o soldado pode disparar a granada para explodir a porta ou a parede e, depois, matar as pessoas com o fuzil. O acessório pesa1,36 kg.
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16. Caminhões MRAP
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16/22 (US Marine Corps / Wikimedia Commons)
Os chamados MRAPs (sigla de “mine-resistant ambush protected”, resistente a minas e emboscadas) são caminhões capazes de suportar explosões de minas e artefatos improvisados. Também resistem a tiros de armas leves. Foram extensamente usados para transporte de tropas durante a Guerra do Iraque. E parece que o EIIL conseguiu obter alguns.
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17. Carro blindado M113
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17/22 (Jason McCree / USAF / Wikimedia Commons)
O carro blindado M113 é outro projeto antigo. Foi muito usado em combates no Vietnã. Em conflitos mais recentes, como a Guerra do Iraque, foi empregado para transporte de soldados e feridos. É um veículo anfíbio com blindagem leve, capaz de resistir a tiros de armas de mão. Alguns são equipados com uma ou mais metralhadoras na parte superior.
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18. Humvees
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18/22 (Eric Harris / US Air Force / Wikimedia Commons)
O Humvee é a versão moderna do jipão militar. Pode carregar uma variedade de armas, como metralhadoras e lança-granadas. O exército iraquiano possui muitos desses veículos que também foram usados pelos americanos na região. O EIIL divulgou fotos de Humvees que o grupo teria apreendido e enviado à Síria.
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19. Uniformes high tech
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19/22 (Brandon Aird / U.S. Army / Wikimedia Commons)
O EIIL divulgou vídeos de soldados usando uniformes e coletes à prova de balas americanos. São roupas com proteções feitas de Kevlar KM2, um compósito extremamente resistente. Não se sabe quantas unidades os jihadistas possuem.
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20. Visão noturna
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20/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
Vídeos do EIIL também mostram soldados com dispositivos de visão noturna AN/PVS-7. Esses equipamentos, desenvolvidos nos Estados Unidos nos anos 80, amplificam a luz entre 30 mil e 50 mil vezes, permitindo que o soldado enxergue no escuro. Não se sabe quantas unidades estão nas mãos dos extremistas e nem se elas estão em condições de uso.
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21. UH-60 Black Hawk
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21/22 (Suzanne Jenkins / USAF / Wikimedia Commons)
Segundo alguns relatos, quando os extremistas tomaram o aeroporto de Mossul, no Iraque, havia helicópteros americanos Black Hawk lá. Nenhum foi visto voando depois da captura. É possível que tenham sido danificados. Mas alguns especialistas afirmam que eles não voam porque o EIIL não tem pessoas treinadas para pilotá-los.
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22. Agora veja uma amostra do poderio bélico americano:
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22/22 (US Air Force)