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Ataque na Síria: entenda o caso e a tensão entre EUA e Rússia

Entenda por que EUA, Reino Unido e França atacaram a Síria, e como esse ataque aumenta as tensões com Vladimir Putin e a Rússia

Trump: ataque foi "perfeitamente executado", disse o presidente (Yuri Gripas/Reuters)

Trump: ataque foi "perfeitamente executado", disse o presidente (Yuri Gripas/Reuters)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 14 de abril de 2018 às 13h11.

Última atualização em 14 de abril de 2018 às 13h23.

São Paulo -- Forças dos Estados Unidos, Reino Unido e França bombardearam a Síria neste sábado. O ataque envolveu mais de 100 mísseis e marca o primeiro esforço coordenado de países ocidentais contra o governo do presidente Bashar al-Assad, no poder desde 2000. Os alvos dos mísseis ocidentais eram três supostos centros de produção de armas químicas, explicou o Pentágono.

A história deste ataque realizado pelas três potências começou no último sábado. Naquele dia, a cidade de Duma, nos arredores de Damasco, foi alvo de armas químicas, supostamente usadas pelo governo de Assad, que deixaram dezenas de mortos.

Ao longo da semana, países como Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha repudiaram o ataque. O presidente francês Emmanuel Macron, já na quinta-feira, afirmou: “Temos prova de que na semana passada… armas químicas foram usadas, ao menos com cloro, e que foram usadas pelo regime de Bashar al-Assad”.

Neste sábado, em retaliação ao uso das armas químicas, aconteceu o ataque. Enquanto o presidente americano Donald Trump anunciava um esforço conjunto entre EUA, Reino Unido e França, explosões aconteciam em Damasco. Trump disse que os três países haviam "organizado seu poder justo contra a barbárie e a brutalidade".

A questão russa

Ao longo dos sete anos da Guerra da Síria, o presidente Bashar al-Assad conta com um importante aliado: a Rússia. Com a escalada de tensão após o uso das armas químicas, a Rússia chegou a advertir os EUA contra ataques que pudessem desestabilizar a "frágil" situação síria.

Hoje, após o ataque, a Rússia pediu uma reunião com o Conselho de Segurança da ONU, que acontece na tarde deste sábado. A pauta será a situação da Síria. Esta será a quinta reunião somente nesta semana para que se debata o drama sírio. O presidente russo Vladimir Putin chamou a ação dos aliados americanos de um ato injustificado contra um Estado soberano.

A preocupação atual é se o ataque à Síria pode levar a um conflito direto entre países ocidentais, principalmente Estados Unidos, contra a Rússia. Essa questão foi levantada pelos três países durante o planejamento da ação militar.

O risco é real?

A chance de um conflito direto entre Estados Unidos e Rússia é pequena, mas real, avalia Bilal Saab, especialista em defesa do Middle East Institute, ao noticiário Vox. "Mas se matarmos, deliberadamente ou acidentalmente, soldados russos, existe a chance real de a Rússia realizar um ataque, direto ou por meio de outro agente, contra tropas nossas [americanas] na Síria", afirma.

Outra especialista ouvida pelo veículo, Shanna Kirschner, especialista em Síria do Allegheny College, vê evidências de que um conflito direto não interessa nem aos Estados Unidos, nem à Rússia.

Próximos passos

Estados Unidos, França e Reino Unido afirmaram que o ataque foi único. O Pentágono disse, na manhã deste sábado, que os próximos passos na região dependem de duas variáveis: a atitude do presidente sírio Bashar al-Assad e da adesão ou não da Rússia ao regime.

“Não posso falar sobre retaliação, posso dizer que estamos prontos e estamos na região”, disse a porta-voz do Pentágono, Dana White. “Queremos soluções diplomáticas para o conflito sírio, mas as nações civilizadas não podem permitir o que aconteceu na Síria.”

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