Criança palestina é atendida em Gaza após ataque israelense (AFP/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2014 às 09h40.
Genebra - O ataque israelense ao hospital Al Shifa mostra as deploráveis condições em que a população em Gaza sobrevive, onde os civis "não têm um lugar onde se refugiar", denunciou nesta terça-feira a organização Médicos sem Fronteiras (MSF).
"O ataque ontem a esse hospital, onde 2 mil pessoas tinham encontrado refúgio, demonstra que os civis não têm para onde ir, e mostra as atuais dificuldades para fornecer ajuda de emergência a Gaza", diz em comunicado da organização.
A ONG "condena da forma mais contundente o ataque ao hospital Al Shifa, onde há uma equipe cirúrgica da MSF trabalhando, e lembra que se trata do quarto bombardeio a um centro hospitalar desde que a ofensiva israelense começou, no último dia 8, após os do hospital geral Europeu, al-Aqsa e Beit Hanoun.
"Atacar hospitais e seus arredores é completamente inaceitável e representa uma séria violação da Lei Humanitária Internacional", disse Tommaso Fabbri, chefe da missão da MSF nos Territórios Palestinos Ocupados.
"Quaisquer que sejam as circunstâncias, os hospitais e o pessoal médico deve ser protegido e respeitado", acrescentou.
Uma hora depois do ataque a Al Shifa, um foguete israelense caiu sobre o campo de refugiados de Shati, por isso os feridos, na maioria crianças, foram transferidos a esse centro hospitalar.
"Dois terços dos feridos que vi eram crianças", disse Michele Beck, representante da MSF em Gaza.
A MSF lembra no comunicado que a Faixa é um lugar pequeno no qual vivem 1,8 milhão de pessoas, que não podem deixar o território e estão presos.
"Quando o exército israelense ordena aos civis que saiam de suas casas e de seus bairros, aonde irão? Os cidadãos de Gaza não têm liberdade de movimentos e não podem encontrar refúgio fora de Gaza. Estão presos", disse por sua vez Marie-Noëlle Rodriguez, diretora de operações da MSF.
A organização denunciou, ainda, que tanto a MSF como outras ONGs e o Crescente Vermelho também não possam trabalhar com liberdade de movimentos e tenham sido alvo dos ataques israelenses.
No dia 20 de julho um míssil caiu a 10 metros da loja da MSF no hospital Nasser, por isso as atividades médicas feitas ali precisaram ser suspensas.
"Temos uma equipe cirúrgica pronta para trabalhar no hospital Nasser, mas sem garantias de segurança confiáveis das duas partes, não podemos nos arriscar a enviá-lo para lá", afirmou Nicolas Palarus, coordenador de projetos da MSF em Gaza.
A organização lembrou que apenas metade dos hospitais da Faixa estão funcionando e na Cidade de Gaza, onde vivem 800 mil pessoas, só quatro em cada 15 estão abertos.
"Além das emergências, assistência sanitária básica como saúde materna e tratamento de doenças crônicas não se está sendo fornecida. Assim como o acesso à água potável e comida, que simplesmente está sendo oferecido", concluiu Palarus.