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Ataque de talibãs a hotel em Cabul mata ao menos 21

Forças afegãs e da Otan confrontaram os insurgentes durante várias horas

Militantes talibãs: 9 insurgentes, 2 policiais e 10 civis morreram no ataque (Majid Saeedi/Getty Images)

Militantes talibãs: 9 insurgentes, 2 policiais e 10 civis morreram no ataque (Majid Saeedi/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2011 às 13h53.

Cabul - Os talibãs perpetraram na noite de terça-feira um novo golpe em Cabul, com um ataque armado contra um hotel de luxo que deu início a um combate de várias horas com as forças afegãs e da Otan, que deixou 21 mortos, incluindo nove civis.

Embora os talibãs tenham realizado diversos ataques deste tipo nos últimos anos, o no Hotel Intercontinental gera dúvidas sobre a capacidade das forças afegãs para assumir a segurança em Cabul depois que as tropas da Otan deixarem o país.

O ataque começou às 22h de terça-feira, quando nove insurgentes irromperam no hotel, situado no alto de uma colina, armados com granadas, rifles e coletes com explosivos, e começaram a disparar contra hóspedes e funcionários.

Centenas de membros da Polícia e comandos afegãos se dirigiram para o local e isolaram a área, mas houve tumulto e foram constantes os sons de disparos. Os confrontos só terminaram às 06h30 desta quarta-feira.

Em comunicado, o Ministério do Interior confirmou a morte dos nove insurgentes e de dois policiais e 10 civis e acrescentou que outras 13 pessoas ficaram feridas.

O chefe da unidade do crime de Cabul, Mohammed Zahir, tinha informado à Efe previamente que dois estrangeiros tinham morrido no ataque, mas o Ministério do Interior só fez referência em sua nota a um, o piloto comercial espanhol Antonio Planas. A morte do piloto foi confirmada depois pelas autoridades espanholas.

Os talibãs reivindicaram o ataque por meio de seu porta-voz, Zabiulá Mujahid, que afirmou em comunicado que suas milícias atacaram o hotel aproveitando-se de uma reunião de "300 oficiais afegãos e estrangeiros" e que "provocaram dezenas de baixas".


Imagens transmitidas pelo canal de notícias afegão "Tolo" mostraram um intenso incêndio durante a noite no hotel, enquanto vários hóspedes que conseguiram deixar o local ficaram esperando do lado de fora até a situação ser controlada.

Cabul e Kandahar, no sul do país, foram palco nos últimos anos de diversas ações como a desta madrugada, com ataques de terroristas suicidas ou de comandos contra hotéis ou sedes de edifícios oficiais.

O ataque ao hotel reforça as dúvidas manifestadas por diferentes analistas sobre a capacidade das forças afegãs para assumir a partir de julho as tarefas de segurança em Cabul, uma das sete primeiras regiões designadas para a transferência da segurança.

O Hotel Intercontinental é palco habitual de reuniões e entrevistas coletivas, mas dessa vez vazou a informação de que nele estavam hospedados funcionários afegãos que deviam participar de um encontro nesta quarta-feira sobre a transferência da segurança às forças afegãs.

Na noite de terça-feira, as tropas da missão da Otan no Afeganistão, a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), tiveram que intervir para responder ao ataque, disse à Efe um porta-voz militar.

"A força afegã reagiu muito bem. Ela nos solicitou apoio e enviamos nossos helicópteros, que encontraram vários insurgentes no alto do hotel. Nós os atacamos e matamos, enquanto a força afegã atuava no interior do hotel", explicou o porta-voz.

O ataque se produz uma semana depois do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de alguns de seus aliados ocidentais, da retirada a partir de julho das tropas internacionais mobilizadas no país, processo que terminará em 2014.

Atualmente, cerca de 150 mil soldados estão mobilizados no Afeganistão, mas a insurgência talibã continua presente em grande parte do país e expandiu seu raio de ação nos últimos anos.

Nas últimas semanas vazou a informação de que os EUA mantiveram reuniões preliminares com representantes talibãs para sondar a possibilidade de se obter um compromisso pela paz e a estabilidade no país centro-asiático.

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