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Ataque de Israel ao Irã: como é Isfahã, a terceira cidade iraniana, com três reatores nucleares

Uma das cidades mais famosas e históricas do Irã, é conhecida por suas belas mesquitas de azulejos turquesa e roxo, pitorescas pontes em arco e o Grande Bazar

Pessoas visitam a Praça Naqsh-e Jahan, em frente à Mesquita do Xá, na cidade de Isfahã, Irã  (Rasoul SHOJAEI / IRNA / AFP/AFP)

Pessoas visitam a Praça Naqsh-e Jahan, em frente à Mesquita do Xá, na cidade de Isfahã, Irã (Rasoul SHOJAEI / IRNA / AFP/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 19 de abril de 2024 às 15h26.

Confirmado por fontes dos governos dos EUA, de Israel e do Irã a múltiplos veículos de imprensa americanos, o ataque israelense ao território iraniano ocorreu, nesta sexta-feira, nos arredores de Isfahã, a terceira maior cidade do país, apelidada de "Nesf-e-Jahaan" ou metade do mundo.

A localidade parece ter sido cuidadosamente escolhida pelas forças israelenses para passar uma mensagem: ali se encontram uma das maiores bases aéreas militares da república islâmica e unidades onde se desenvolve seu temido plano nuclear.

Uma das cidades mais famosas e históricas do Irã, conhecida por suas belas mesquitas de azulejos turquesa e roxo, pitorescas pontes em arco e o Grande Bazar, Isfahã é o lar de cerca de 2 milhões de pessoas. Localizada no centro do país, perto das montanhas Zagros, é também onde fica a base aérea de Shahid Beheshti, que há muito tempo abriga a antiga frota de caças F-14 de fabricação americana do país — adquiridos antes da Revolução Islâmica de 1979, de acordo com a agência de notícias AP.

Além da esquadrilha de caças e outras aeronaves relevantes das Forças aérea e terrestre iranianas, a base militar abriga ainda um importante radar do Exército do Irã. Uma bateria de defesa aérea S-300 de fabricação russa também foi vista no local, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), de Londres.

Isfahan também é um centro de produção, pesquisa e desenvolvimento de mísseis para o Irã — que possui o maior e mais diversificado arsenal de projéteis do Oriente Médio, com milhares de mísseis balísticos e de cruzeiro, alguns capazes de atingir até Israel e o sudeste da Europa.

Na região, há ainda ao menos uma unidade de pesquisa e desenvolvimento na qual seria possível fabricar armas nucleares, uma vez que o Irã alcance o percentual necessário de enriquecimento de urânio. Não por um acaso, uma das usinas iranianas de enriquecimento de urânio conhecidas pela comunidade internacional fica na cidade vizinha de Natanz. A instalação, que começou a ser construída em 1999, opera três pequenos reatores de pesquisa fornecidos pela China, além de lidar com a produção de combustível e outras atividades para o programa nuclear civil do Irã.

Observadores internacionais afirmam que o Irã já enriquece urânio a 60% nestas usinas — e este patamar equivale a ter percorrido o caminho mais difícil até conseguir a pasta amarela (yellow cake) que permite a fabricação de uma arma nuclear, segundo a Fundação para a Defesa das Democracias, think tank dos EUA.

O ataque israelense na madrugada desta sexta-feira — que as agências de notícias iranianas disseram não ter atingido as instalações nucleares de Isfahã — não foi a primeira vez que a área foi alvo. Em janeiro de 2023, Israel realizou um ataque com drones a uma instalação militar no centro de Isfahã, de acordo com altos funcionários da Inteligência que estavam familiarizados com o diálogo entre Israel e os Estados Unidos sobre o ataque. O objetivo da instalação não ficou claro, tampouco o tamanho do dano causado pelo ataque.

Na época, o Irã não fez nenhum esforço para esconder o fato de que um ataque havia ocorrido, mas disse que havia causado poucos danos. A agência de notícias oficial do país, Irna, informou que os drones tinham como alvo uma fábrica de munição e que haviam sido abatidos por um sistema de defesa terra-ar.

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