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Otan é acusada de matar 10 afegãos em ataque no Afeganistão

Entre as vítimas, estão mulheres e crianças


	Um porta-aviões americano: quatro crianças também ficaram feridas
 (Marwan Naamani/AFP)

Um porta-aviões americano: quatro crianças também ficaram feridas (Marwan Naamani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2013 às 10h00.

Cabul - Um ataque aéreo da Otan matou 10 civis, a maioria mulheres e crianças, informaram autoridades afegãs nesta quarta-feira, ao mesmo tempo em que Cabul saudou a promessa do presidente Barack Obama de retirar mais tropas americanas do país.

As forças da Otan afirmaram que estão investigando as alegações de mortes de civis.

"Levamos todas as alegações de vítimas civis muito a sério", disse um porta-voz.

Se as mortes forem confirmadas, será mais um golpe para o prestígio das forças lideradas pelos Estados Unidos, que se preparam para retirar suas tropas de combate da guerra contra os insurgentes islamitas do talibã até o fim do próximo ano.

Os civis foram mortos em um ataque aéreo da Otan durante uma ação noturna contra um esconderijo dos talibãs em uma região remota a leste do país, informaram autoridades locais.

"Cinco crianças, quatro mulheres e um homem foram mortos na operação", informou o governador da província de Kunar, Sayed Wahidi Fazulullah, à AFP.

Três comandantes talibãs, incluindo um líder militante ligado à Al-Qaeda chamado Shahpoor, também morreram no ataque, disse o governador de distrito, Abdul Zahir.

Segundo Zahir, os civis foram mortos em um ataque aéreo que apoiava uma operação terrestre realizada pela coalizão da Otan e pelas forças afegãs em um vale controlado pelos talibãs na região tomada pela insurgência.

Não ficou claro se o dono da casa atingida era um membro do grupo talibã ou um civil, mas os talibãs estavam visitando a casa quando ela foi atacada, acrescentou.

Os talibãs frequentemente obrigam os moradores a lhes fornecerem comida e abrigo.


Outras quatro crianças ficaram feridas no ataque, disse Wahidi.

As mortes de civis causadas por forças da Otan são uma questão altamente sensível e são regularmente condenadas pelo presidente Hamid Karzai.

O líder afegão já afirmou diversas vezes que a guerra contra o terrorismo não deve ser travada em aldeias afegãs e seu governo recebeu bem o anúncio feito por Obama de que os Estados Unidos devem retirar 34 mil soldados dentro de um ano.

"Saudamos esta decisão", afirmou o porta-voz do ministério da Defesa, general Mohammad Zahir Azimi, à AFP. "Assumiremos todas as nossas responsabilidades sobre segurança ao fim de 2013"

"Nossas tropas substituirão esses soldados".

Karzai sempre apoiou a retirada programada das tropas de combate dos Estados Unidos e da Otan até o fim de 2014, dizendo que as forças afegãs são capazes de assumir a responsabilidade na luta contra os insurgentes talibãs.

Mas muitos analistas expressaram ceticismo sobre a capacidade das forças armadas afegãs, em sua maioria mal treinadas e mal equipadas, de vencerem uma força que tem resistido às tropas da Otan por mais de 11 anos.

Obama, que fez o anúncio da retirada das tropas durante o seu discurso anual do Estado da União, afirmou que a retirada continuará e "no fim do próximo ano, nossa guerra no Afeganistão estará terminada".

O grupo talibã, por sua vez, afirmou que a retirada das tropas é insuficiente.

"O problema não será resolvido com a redução ou o aumento do número de tropas", afirmou o porta-voz do grupo talibã, Zabihullah Mujahid, à AFP.

"Enquanto as forças invasoras permanecerem no Afeganistão, a jihad (guerra santa) continuará. O problema será resolvido com a retirada completa das forças invasoras e a devolução do Afeganistão para os afegãos".

A ação de Obama irá efetivamente reduzir pela metade o número de tropas americanas no Afeganistão, atualmente de 66 mil, ao mesmo tempo em que a Otan se prepara para entregar o controle das operações de seguranças para cerca de 352 mil tropas afegãs no fim de 2014.

Outras nações integrantes da Otan, que têm, no total, cerca de 37 mil tropas no Afeganistão, também irão retirar seus soldados antes do fim de 2014.

*Matéria atualizada às 10h59

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