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Ataque da coalizão na Síria mata mais de 40 civis

Na semana passada, os aviões da coalizão dirigida pelos Estados Unidos lançaram 250 bombardeios contra alvos extremistas em torno de Raqa

Síria: a ONU calcula que pelo menos 25 mil civis estejam presos em Raqa (Zohra Bensemra/Reuters)

Síria: a ONU calcula que pelo menos 25 mil civis estejam presos em Raqa (Zohra Bensemra/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de agosto de 2017 às 12h18.

Mais de 40 civis, incluindo crianças, morreram em ataques da coalizão dirigida pelos Estados Unidos na cidade síria de Raqa, onde os combates contra os extremistas causam estragos nas zonas mais povoadas - informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A coalizão formada por dezenas de países dá um apoio aéreo crucial às Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança curdo-árabe envolvida em uma ofensiva para expulsar o grupo Estado Islâmico (EI) de Raqa, seu principal reduto na Síria, no norte do país.

Na semana passada, os aviões da coalizão dirigida pelos Estados Unidos lançaram 250 bombardeios contra alvos extremistas em torno de Raqa, disse à AFP um porta-voz militar americano.

Ativistas e o OSDH afirmaram que o aumento dos ataques aéreos custou, nos últimos dias, a vida de dezenas de civis nessa cidade do norte do país.

Depois de terem tomado 60% da cidade, as FDS cercaram o EI em uma zona de 10 quilômetros quadrados no centro e no norte da localidade, onde a maioria da população se viu no meio de intensos bombardeios aéreos e de disparos de artilharia.

Na segunda-feira, pelo menos 42 civis, entre eles 19 crianças e 12 mulheres, perderam a vida nos bombardeios contra vários bairros do norte de Raqa, de acordo com o OSDH.

No domingo, 27 civis já tinham morrido nessa mesma localidade. Em oito dias, perto de 170 civis foram mortos nos bombardeios, ainda segundo a ONG.

"Os balanços são altos, porque os bombardeios apontam contra bairros do centro da cidade, muito densamente povoados", disse à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

"Há prédios cheios de civis que tentam fugir das linhas de frente. Os bombardeios da coalizão apontam para qualquer edifício onde detectem movimentos do Daesh", acrescentou, usando o acrônimo do EI em árabe.

Pior lugar

A coalizão internacional não reagiu aos últimos balanços do OSDH, mas disse anteriormente que está tomando medidas para evitar vítimas civis.

Desde 2014, a coalizão reconheceu ser responsável pela morte de 624 civis em bombardeios, segundo balanço divulgado no início de agosto. Algumas organizações consideram, porém, que esse número é bem maior.

"O pior lugar da Síria hoje em dia é a parte de Raqa que segue nas mãos do Estado Islâmico", afirmou na semana passada o chefe do grupo de trabalho humanitário da ONU para a Síria, Jan England.

A ONU calcula que pelo menos 25 mil civis estejam presos em Raqa.

Ao ser questionado a respeito, o porta-voz das FDS, Talal Sello, disse à AFP que suas forças tentam não causar vítimas civis.

"Uma das principais razões que explicam a lentidão do nosso avanço é nossa vontade de preservar a vida dos civis", afirmou.

"Abrimos rotas seguras para os civis, para que possam chegar a zonas controladas por nossas forças, que salvam civis quase que diariamente, transferindo-os para lugares seguros", acrescentou.

O porta-voz das FDS acusou o EI de "utilizar os civis como escudos humanos, atirar neles e impedi-los de fugir".

Há oito meses, as FDS lançaram a ofensiva para conquistar Raqa, tristemente conhecida pelas execuções que os extremistas cometeram ali desde que tomaram a cidade, em 2014.

O conflito sírio, que começou há mais de seis anos após a violenta repressão de manifestações pró-democracia por parte do governo Bashar Al-Assad, ganhou complexidade com o envolvimento de atores regionais e internacionais e de grupos extremistas, em um território dividido.

Já deixou mais de 330 mil mortos e milhões de deslocados.

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