Malala Yousufzai é tratada em um hospital de Birmingham, Inglaterra, ao lado de sua família: o pai dela disse que seu estado de saúde "melhora a uma velocidade encorajadora" (AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2012 às 12h01.
Londres - O Paquistão se levantou após o ataque contra a jovem Malala Yousufzai pelos talibãs, o que constitui virada para o país, declarou seu pai, Ziauddin Yousafzai, durante uma coletiva de imprensa após visitar a menina no hospital Birmingham (centro da Inglaterra).
"Quando ela caiu, o Paquistão se levantou e o mundo também. Este foi um ponto de virada", considerou Yousafzai, que chegou na quinta-feira no Reino Unido acompanhado por sua esposa e dois filhos, de 8 e 12 anos.
O pai de Malala, que visitou a filha de 15 anos na noite de quinta-feira, afirmou que seu estado de saúde "melhora a uma velocidade encorajadora".
"Estamos muito felizes. Ela recebe o tratamento certo no lugar certo na hora certa", acrescentou durante a coletiva de imprensa que também teve a participação de seus filhos, mas não da mãe de Malala, intimidada pelas câmeras, de acordo com o seu marido.
"Quando a vimos na noite passada, choramos de alegria", acrescentou, agradecendo às autoridades britânicas e paquistanesas pelo apoio.
Há alguns dias, Malala conseguiu ficar de pé com a ajuda da equipe médica pela primeira vez desde o atentado.
Ela também está se comunicando com algumas notas por escrito, segundo o médico encarregado de seu tratamento.
Malala foi baleada em um ônibus escolar no antigo reduto talibã do Vale do Swat na semana passada como punição por defender os direitos das mulheres à educação, em um ataque que revoltou o mundo.
Mensagens de apoio de admiradores e ativistas dos direitos humanos foram deixadas no site do hospital, a maioria delas elogiando sua campanha e rezando por sua recuperação.
Doações para seu tratamento, que está sendo financiado pelo governo do Paquistão, estão sendo repassadas ao Hospital Queen Elizabeth.
Malala é conhecida no exterior por seu blog, hospedado no site da BBC, no qual denuncia os atos de violência cometidos pelos talibãs no Vale de Swat, onde chegaram a tomar o poder entre 2007 a 2009.
No ano passado, a adolescente recebeu o primeiro Prêmio Nacional da Paz criado pelo governo paquistanês e foi indicada ao prêmio internacional de Crianças para a Paz da fundação Kids Rights.
Malala foi ferida por tiros no dia 9 de outubro, em Mingora, a principal cidade do Vale de Swat (noroeste do Paquistão) por homens armados que pararam o ônibus escolar em que ela estava.
O Talibã reivindicou a autoria do atentado contra Malala, mas tentou se justificar pelo ato condenado de forma unânime pelos Estados Unidos, França, organizações dos direitos Humanos, governo e imprensa paquistaneses.
"Malala foi alvo por seu papel pioneiro na defesa da laicidade e da chamada moderação", escreveu em um e-mail enviado à AFP um porta-voz talibã.