Reator da usina nuclear de Bushehr, no sul do Irã (Majid Asgaripour/AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 20 de junho de 2025 às 12h26.
Um ataque à usina nuclear de Bushehr, no Irã, poderia causar uma catástrofe nuclear, alertou o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nesta sexta-feira. Um dia antes, a AIEA informou que prédios importantes na usina nuclear iraniana de Arak, também conhecida como Khondab, foram danificados em consequência de ataques israelenses durante a noite.
O Exército israelense também disse nesta sexta-feira que sua Força Aérea atacou dezenas de instalações militares e um centro de pesquisa nuclear no Irã durante a madrugada. Entre os alvos estava a sede da Organização de Inovação e Pesquisa Defensiva do Irã (SPND, na sigla original), encarregada por pesquisa e desenvolvimento do programa nuclear iraniano, disseram as Forças Armadas.
"Dezenas de alvos foram atingidos, em particular áreas de produção de mísseis militares e a sede da SPND", afirmou o Exército israelense em um comunicado. [Este centro é responsável pelo] desenvolvimento de tecnologias e armas avançadas a serviço das capacidades militares do regime."
Nos ataques aéreos, foram utilizados mais de 60 caças, que sobrevoaram a capital iraniana, Teerã, durante a madrugada, usando aproximadamente 120 munições para atingir alvos militares, incluindo "instalações de produção de componentes de mísseis e fábricas de matérias-primas utilizadas para a fabricação dos motores dos mísseis", disseram as forças israelenses na nota.
Israel afirmou na quinta-feira que atacou a instalação nuclear "inativa" de Arak, no que disse ser uma tentativa de impedir seu potencial uso para o desenvolvimento de armas nucleares. O Irã nega repetidamente que esteja construindo armas nucleares, e inspetores internacionais e agências de inteligência ainda não encontraram evidências de que isso seja verdade.
Após os ataques à usina nuclear iraniana de Arak, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou que o bombardeio à usina era contrário à Carta das Nações Unidas e instou o Conselho de Segurança da ONU a responsabilizar Israel pelo ataque a uma usina nuclear.
— Se o Conselho não agir agora, deverá explicar à comunidade internacional porque seus princípios legais se aplicam apenas seletivamente a uma questão tão crucial — disse Abbas, que se reúne nesta sexta com representantes de países europeus. — Também será o responsável final, juntamente com o regime israelense, caso o regime global de não proliferação nuclear um dia entre em colapso.
Em um esforço para diminuir a tensão do conflito, os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França e Alemanha, juntamente com Kaja Kallas, chefe da política externa da União Europeia,
vão se reunir nesta sexta-feira com seu homólogo iraniano, Abbas Araghchi, em Genebra.
Eles farão"uma oferta de negociação completa, diplomática e técnica" ao Irã, que inclua a questão do programa nuclear, para acabar com o conflito crescente entre Israel e a República Islâmica, adiantou o presidente francês, Emmanuel Macron, nesta sexta. Segundo ele, esta solução pacífica será "colocada sobre a mesa", mas o Irã precisará "mostrar sua disposição de aderir à plataforma".