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Ataque à Síria restabelece linha vermelha, diz Macron

A afirmação foi feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em sua justificativa para os ataques aéreos

Macron: restabeleceu a promessa de retaliações no início de seu governo (Etienne Laurent/Reuters)

Macron: restabeleceu a promessa de retaliações no início de seu governo (Etienne Laurent/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de abril de 2018 às 09h38.

Paris, 14 (AE) - Os ataques da madrugada de sábado a instalações da cadeia de produção de armas químicas da Síria restabelecem a "linha vermelha" fixada pelos governos de Estados Unidos, França e Reino Unido, e jamais respeitada pelo regime de Bashar Assad. A afirmação foi feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em sua justificativa para os ataques aéreos, em uma alusão à ameaça feita pelos ex-presidentes Barack Obama e François Holland e ao ex-premiê britânico David Cameron. Os três haviam advertido que ataques químicos seriam objeto de retaliação.

"Os fatos e a responsabilidade do regime sírio não deixam dúvidas", disse Macron, em referência ao uso de armas químicas no conflito. "Logo eu ordenei às Forças Armadas francesas que interviessem nessa noite, no quadro de uma operação internacional conduzida em coalizão com os Estados Unidos e o Reino Unido e dirigido contra o arsenal químico clandestino do regime", explicou o chefe de Estado.

Macron restabeleceu a promessa de retaliações no início de seu governo, depois que François Hollande e Barack Obama haviam feito a mesma referência em 2013, sem nenhuma consequência prática. "A linha vermelha fixada pela França em maio de 2017 foi ultrapassada", frisou o presidente francês.

Ainda de acordo com o Palácio do Eliseu, os próximos objetivos são terminar a luta contra o Estado Islâmico, garantir o acesso de ajuda humanitária às populações civis e buscar uma saída político-diplomática para o conflito.

Em declaração conjunta à imprensa, os ministros da Defesa, Florence Parly, e das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, detalharam as operações, realizadas a partir de fragatas e de aviões de caça Mirage 2000 e Rafale contra "alvos múltiplos" "circunscritos às capacidades do regime sírio que permitem a produção e o emprego de armas químicas".

"Não podemos garantir com 100% de certeza de que atingimos todos os estoques, mas as ferramentas de produção e de pesquisa o foram", informaram os ministros.

Em Londres, a primeira-ministra britânica, Theresa May, ordenou bombardeios, realizados por quatro aviões de caça Tornado GR4 da Royal Air Force. "Não há alternativa ao uso da força para degradar e impedir o recurso às armas químicas pelo regime sírio", informou a premiê, via comunicado. "Nós temos procurado todos os recursos diplomáticos, mas nossos esforços foram constantemente frustrados."

Segundo a premiê, os três países trabalharam de forma conjunta para apurar as responsabilidades do ataque com armas químicas realizado no último sábado na cidade de Duma, na Síria, quando 75 pessoas morreram, inclusive crianças, e outras 500 foram intoxicadas. "Todos os indícios são de que se tratou de um ataque com armas químicas", disse Theresa May, que reiterou a "legalidade" da ação.

Tanto na França quanto no Reino Unido partidos de oposição questionaram a atitude dos países ocidentais, lamentando uma ação fora do direito internacional e sem a autorização da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em Bruxelas, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Soltenberg, reforçou que a Aliança Atlântica vem advertindo para o uso reiterado de armas químicas pelo regime de Assad, o que justifica, segundo ele, a intervenção. "A OTAN vem constantemente condenando o recurso contínuo da Síria às armas químicas como violação clara das normas e acordos internacionais", lembrou, defendendo a punição dos líderes do regime: "Os responsáveis devem prestar contas".

 

 

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