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Ataque a academia de polícia no Paquistão deixa 60 mortos

O ataque foi reivindicado por duas organizações, os talibãs paquistaneses (TTP) e o grupo Estado Islâmico (EI)

Ataque: este é um dos ataques mais violentos em 2016 no Paquistão (Stringer/Reuters)

Ataque: este é um dos ataques mais violentos em 2016 no Paquistão (Stringer/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de outubro de 2016 às 08h26.

Três homens fortemente armados invadiram na noite desta segunda-feira a Academia de Cadetes da Polícia em Quetta, sudoeste do Paquistão, espalharam o terror durante horas e mataram pelo menos 60 pessoas.

Os três homens foram mortos, ou detonaram explosivos presos ao corpo, após várias horas de confrontos.

Este é um dos ataques mais violentos em 2016 no Paquistão, após os atentados de Lahore em 25 de março (75 mortos) e Quetta em 8 de agosto (73 mortos)

O ataque foi reivindicado por duas organizações, os talibãs paquistaneses (TTP) e o grupo Estado Islâmico (EI).

O TTP afirma em um comunicado que o atentado pretende "vingar o assassinato indiscriminado de nossos mujahedines" por membros das forças de segurança na província de Punjab.

O EI utilizou sua agência de propaganda, Amaq, para afirmar que o ataque foi executado por "três homens-bomba do Estado Islâmico".

Os hospitais afirmaram que receberam 61 corpos. As autoridades não informaram se entre os cadáveres estão os dos criminosos.

Muitas vítimas fatais eram jovens cadetes da academia. Outras 118 pessoas ficaram feridas.

De acordo com o exército, os três criminosos conseguiram entrar na Academia de Polícia, onde moram quase 700 cadetes, às 23H30 locais (16H30 de Brasília, segunda-feira).

"Primeiro atacaram a torre de vigilância e após um tiroteio conseguiram entrar no prédio da academia", informou Mir Sarfaraz Ahmed Bugti, ministro provincial de Assuntos Internos da província do Baluchisão.

Um dos criminosos detonou os explosivos presos ao corpo, segundo testemunhas.

Rapidamente o exército iniciou uma operação, com o apoio de helicópteros.

Imagens de TV mostraram soldados entrando na academia e ambulâncias retirando os feridos.

As forças de segurança chegaram ao local em 20 minutos, afirmou o general Sher Afgan, comandante da Frontier Corps, unidade paramilitar responsável por operações contraofensivas.

"Quando chegamos ao local vimos que haviam tomado vários recrutas como reféns", disse.

"Acabamos com o ataque três horas depois de nossa chegada", informou o general, após mencionar um intenso confronto.

O general Sher Afgan atribuiu o ataque ao grupo armado Lashkar-e-Jhangvi, aliado aos talibãs.

"Estavam em comunicação com efetivos no Afeganistão", disse.

"Antes, os terroristas operavam a partir do Paquistão. Agora atuam a partir do outro lado da fronteira", afirmou o ministro paquistanês do Interior, Chaudhry Nisar.

As forças de segurança reforçaram sua presença na região do ataque. Parentes das vítimas eram encaminhados para os hospitais.

Região instável

O ataque aconteceu um dia depois de uma ação em que um homem armado do Exército de Libertação do Baluchistão, em uma motocicleta, matou dois guardas e um civil em uma zona remota da costa desta província.

Em agosto, um ataque suicida contra um hospital de Quetta deixou 73 mortos, incluindo vários advogados que protestavam contra a morte de um colega em um tiroteio.

O atentado de agosto foi reivindicado por uma facção talibã, a Jammat-ul-Ahrar (JuA), e depois pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

A província do Baluchistão, a mais ampla e mais pobre do Paquistão, é uma das mais instáveis do país. A região é cenário frequente de atos de violência de extremistas islâmicos, além de conflitos religiosos e de uma insurreição armada.

Ao mesmo tempo, o exército foi acusado em várias oportunidades de abusos dos direitos humanos nesta província, remota e de acesso muito difícil, mas rica em recursos.

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