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Assembleia norte-coreana faz reunião sem falar em reformas

Regime norte-coreano estabeleceu uma ''educação obrigatória universal de 12 anos'', frente aos 11 atuais, dirigida a ''consolidar o sistema de educação socialista''


	Antes da reunião parlamentar, veículos de imprensa sul-coreanos e estrangeiros especulavam que o regime de Kim Jong-un poderia iniciar hoje uma reforma agrária histórica
 (Feng Li/Getty Images)

Antes da reunião parlamentar, veículos de imprensa sul-coreanos e estrangeiros especulavam que o regime de Kim Jong-un poderia iniciar hoje uma reforma agrária histórica (Feng Li/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 20h38.

Seul - A Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte realizou nesta terça-feira uma sessão incomum onde acordou prolongar por um ano a educação obrigatória de seus cidadãos, segundo a agência oficial do governo, que não detalhou, no entanto, se foi abordada uma importante e esperada reforma agrária.

A agência estatal ''KCNA'' emitiu um comunicado ao fim do encontro em que afirmou que o regime norte-coreano estabeleceu uma ''educação obrigatória universal de 12 anos'', frente aos 11 atuais, dirigida a ''consolidar o sistema de educação socialista''.

A partir de agora, os norte-coreanos cumprirão um ano de pré-escolar, cinco de ensino fundamental e seis de ensino médio, detalhou a agência.

A Assembleia Popular foi presidida pelo jovem líder Kim Jong-un, que assumiu as rédeas do regime totalitário em dezembro de 2011 após a morte de seu pai, Kim Jong-il.

A ''KCNA'' manteve silêncio sobre outros pontos tratados na sessão, à exceção de diversas promoções em seções locais e de segunda ordem da Assembleia Popular Suprema e do Partido dos Trabalhadores.

Antes da reunião parlamentar, veículos de imprensa sul-coreanos e estrangeiros especulavam que o regime de Kim Jong-un poderia iniciar hoje uma reforma agrária histórica que representaria, na prática, o fim do sistema socialista de produção coletiva, empregado desde a fundação do país, há mais de 60 anos.

O jornal sul-coreano ''Dong-a Ilbo'', que citou fontes anônimas, relatou que o antigo sistema seria substituído pela ''produção e finalização dos excedentes de produção agrícola sob a responsabilidade de uma família ou indivíduo''.


Isso significaria que os agricultores teriam poder para comercializar diretamente parte de seus próprios produtos e obter assim lucros adicionais.

Nos últimos meses, analistas locais sugeriram que Kim Jong-un poderia buscar uma paulatina abertura econômica que permita ao país abandonar a crise que sofre desde os anos 1990.

A estagnação da Coreia do Norte, cujo sistema econômico baseado no comunismo mais ortodoxo, quase não mudou em seus 64 anos de história, faz o país depender atualmente da ajuda externa para alimentar sua população e também gera constantes rumores sobre possíveis mudanças.

A opacidade do governo da Coreia do Norte e o fato incomum que se realizem em um mesmo ano duas sessões da Assembleia popular Suprema tinham alimentado as especulações e informações não contrastadas que cercaram a convocação parlamentar de hoje.

O regime norte-coreano, caracterizado por ser um dos mais fechados do mundo, manteve previamente e durante a sessão um silêncio absoluto sobre os assuntos a abordar.

É a terceira vez em 18 anos - além de 2003 e 2010 - em que a Assembleia Popular Suprema foi convocada em duas ocasiões no mesmo ano, o que fazia sugeria decisões importantes.

A Assembleia já se reuniu em meados de abril, em uma sessão em que foram abordados assuntos econômicos e Kim Jong-un foi nomeado principal responsável da poderosa Comissão Nacional de Defesa.

A designação de Kim como ''primeiro presidente'' da Comissão consolidou oficialmente o jovem sucessor, cuja idade é estimada entre 28 e 29 anos, como líder máximo da Coreia do Norte, país totalitário de corte stalinista fundado por seu avô, Kim Il-sung, em 1948. 

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