Oficiais do Corpo de Segurança Republicano (CRS) da polícia nacional francesa ficam em frente a tratores enquanto fazendeiros franceses participam de uma manifestação organizada pela Coordination Rurale, um sindicato de fazendeiros francês, para protestar contra o acordo UE-Mercosul (Frederick FLORIN/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 10h59.
Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 11h02.
Os agricultores franceses completaram nesta terça-feira sua segunda semana de protestos, no mesmo dia em que a Assembleia Nacional debaterá e votará à tarde o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, amplamente rechaçado pela classe política da França.
Entre as inúmeras mobilizações desta terça-feira, destacaram-se as dezenas de tratores que se deslocaram para Estrasburgo (nordeste) para protestar perante o Parlamento Europeu, órgão envolvido no processo de aprovação do pacto entre o bloco europeu e os países do Mercosul.
Convocado pelo sindicato agrícola Coordenação Rural, o comboio foi retido pela polícia francesa nas imediações do bairro que abriga a sede do Parlamento Europeu.
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Nesta última cidade, perto da fronteira com a Espanha, a convocação partiu do sindicato dos Jovens Agricultores (JA) e da Federação Departamental dos Sindicatos dos Exploradores Agrícolas (FDSEA) dos Pirenéus Orientais.
Precisamente pela sua proximidade com a Espanha - um dos países que mais exporta produtos agrícolas para França -, Perpignan é palco frequente de expressões de descontentamento do campo francês, o que revitalizou os protestos para pressionar o governo francês e impedir a aprovação do pacto entre a UE e o Mercosul.
Enquanto a Comissão Europeia e países como a Alemanha e a Espanha trabalham para avançar com o acordo, Paris opõe-se ao pacto.
Para demonstrar o consenso político sobre esta rejeição, a Assembleia Nacional francesa vai debater e votar esta tarde o acordo que, previsivelmente, será repudiado por todos os partidos, desde a extrema-direita, passando pelo centro liberal, até à esquerda.
Na quarta-feira, será a vez do Senado francês debater e votar o acordo.