Shinzo Abe: Ele foi atingido por duas balas no pescoço (Kosuke Okahara/Bloomberg/Getty Images)
AFP
Publicado em 8 de julho de 2022 às 09h44.
O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que marcou a vida política de seu país na última década e que continuava muito influente, faleceu nesta sexta-feira, 8, vítima de um ataque a tiros durante um comício eleitoral. A seguir, o que sabemos até o momento.
Abe, de 67 anos, fazia um discurso esta manhã em um comício eleitoral organizado perto de uma estação de trem em Nara (oeste do Japão) antes das eleições para o Senado de domingo.
Ele compareceu ao local para apoiar Kei Sato, um candidato de seu partido político, o Partido Liberal-Democrata (PLD, direita nacionalista), que governa o Japão.
Por volta das 11h30 (23h30 de quinta-feira no horário de Brasília), um homem se aproximou de Abe por trás, de acordo com imagens da televisão japonesa que filmava o discurso.
O homem aparentemente disparou duas vezes, aterrorizando os espectadores que se abaixaram em busca de proteção.
Abe caiu no chão e traços de sangue eram visíveis em sua camisa branca. O atirador foi rapidamente derrubado e preso pela polícia.
Abe foi levado às pressas para um hospital na província de Nara, em Kashihara, onde chegou às 12h20 (0h20 de Brasília) em estado de "parada cardiorrespiratória", informou em coletiva de imprensa Hidetada Fukushima, professor de Medicina de Emergência do estabelecimento.
Ele foi atingido por duas balas no pescoço e, apesar dos esforços para reanimá-lo, sua morte foi confirmada às 17h03 (5h03 de Brasília), segundo o médico.
De acordo com a emissora estatal japonesa NHK, Abe conseguiu dizer brevemente algumas palavras para as pessoas que o cercavam após o ataque, antes de perder a consciência.
De acordo com fontes policiais citadas pela imprensa japonesa, o suspeito preso é um japonês de 41 anos chamado Tetsuya Yamagami.
Este morador de Nara serviu por três anos na Força de Autodefesa Marítima Japonesa, a Marinha do país, até 2005, de acordo com a imprensa, que citou como fonte o ministério da Defesa.
LEIA TAMBÉM: Suspeito de matar ex-primeiro ministro Shinzo Abe é ex-militar da Marinha do Japão
Ele teria fabricado sua própria arma de fogo - as restrições relativas à posse e porte de armas no Japão são extremamente rígidas.
De acordo com a NHK, ele declarou aos investigadores após sua prisão que estava "frustrado" com Abe e que atirou com a intenção de matá-lo.
A polícia revistou sua casa, onde foram encontrados produtos potencialmente explosivos, segundo a emissora pública de televisão.
O ataque contra Abe chocou todo o Japão e provocou uma onda de comoção também no exterior.
Visivelmente afetado, o primeiro-ministro Fumio Kishida, de quem Abe foi mentor político, denunciou um "ato bárbaro" e "absolutamente imperdoável".
A classe política japonesa condenou unanimemente o ataque e os partidos suspenderam a campanha eleitoral para as eleições de domingo.
Kishida declarou que os preparativos eleitorais continuariam porque "é absolutamente necessário defender eleições livres e justas, que são a base da democracia".
Políticos de todo o mundo, dos Estados Unidos à União Europeia e à China, expressaram seu choque e tristeza.
Tanto nacionalista quanto pragmático, Shinzo Abe bateu o recorde de longevidade como primeiro-ministro japonês. Ele chegou ao poder pela primeira vez em 2006, tornando-se aos 52 anos o mais jovem chefe de Governo em seu país desde o pós-guerra, mas este primeiro mandato durou apenas um ano.
Seu segundo mandato (2012-2020) foi marcante, com sua ousada política econômica apelidada de "Abenomics", combinando grandes estímulos fiscais com uma política monetária ultra-acomodante, uma estratégia que continua em vigor até hoje no Japão, apesar dos resultados desiguais devido à falta de reformas estruturais suficientes.
Abe também se destacou por sua intensa atividade diplomática, fortalecendo em particular a aliança nipo-americana – ele era próximo do presidente americano Donald Trump (2017-2021), com quem compartilhava a paixão pelo golfe.
Abe era casado desde 1987 com Akie, de 60 anos, de uma grande família de industriais. O casal não teve filhos.
LEIA TAMBÉM: Putin alerta que momento mais 'sério' da guerra está por vir