Corpo de Boris Nemtsov, opositor russo morto a tiros em Moscou (Maxim Shemetov)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2015 às 23h54.
Moscou - O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, qualificou neste sábado (data local) de "provocação" o assassinato do líder opositor Boris Nemtsov, que recebeu quatro disparos pelas costas quando passeava junto com uma amiga por uma ponte em pleno centro de Moscou.
"Ainda é muito cedo para tirar conclusões sobre a morte de Boris Nemtsov, mas já se pode dizer com 100% de segurança que se trata de uma provocação", afirmou Peskov em declarações ao canal de televisão internacional russo "RT".
O porta-voz do Kremlin esclareceu que a provocação está no fato de que "todos sabem que Boris Nemtsov estava na oposição ao governo da Rússia e à linha seguida pelo mesmo".
"E no contexto das ações planejadas para os próximos dias pela oposição, com o cenário da situação em geral emocional e carregado devido aos eventos na Ucrânia, (o assassinato) parece ser uma provocação", ressaltou Peskov.
O porta-voz garantiu, no entanto, que o veterano opositor, assassinado aos 55 anos, "não representava qualquer ameaça" para a direção do país.
"Com todo o respeito à memória de Boris Nemtsov, no plano político não representava nenhuma ameaça para a atual direção do país, nem para o presidente Vladimir Putin. Se compararmos a popularidade de Putin (com a do falecido), Boris Nemtsov era nada mais que um cidadão comum", comentou Peskov.
Nemtsov, vice-primeiro-ministro de dois gabinetes russos em 1997 e 1998, durante a presidência de Boris Yeltsin, recebeu na madrugada de hoje quatro disparos fatais nas costas quando passeava por uma ponte em Moscou, perto do Kremlin, acompanhado de uma jovem procedente da Ucrânia, confirmou o Ministério do Interior da Rússia.
Putin não demorou em afirmar que o crime "tem toda a pinta de um assassinato por encomenda, de caráter extremamente provocador" e assumiu pessoalmente o controle sobre a investigação, disse Peskov, momentos depois que se soube da tragédia.
O assassinato aconteceu a menos de dois dias da passeata de protesto antigovernamental convocada pela oposição extraparlamentar para este domingo na capital russa, mas que acabou sendo cancelada por conta do assassinato Nemtsov.
Os opositores pretendiam reunir pelo menos 100 mil pessoas em Moscou para exigir que o Kremlin ponha fim à ingerência nos assuntos da vizinha Ucrânia.