Mundo

Assassinato de candidato no Iraque foi cometido por seu filho

Estado Islâmico reivindicou crime, mas Conselho de Magistratura do país disse que morte foi resultado de uma briga familiar e não tem relação com terrorismo

Iraque: político foi morto a tiros em sua residência situada na região de Mossul (norte), que foi o principal reduto do EI no país (Salah Malkawi/Getty Images)

Iraque: político foi morto a tiros em sua residência situada na região de Mossul (norte), que foi o principal reduto do EI no país (Salah Malkawi/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 7 de maio de 2018 às 16h59.

Reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) nesta segunda-feira (7), o assassinato de um candidato às eleições legislativas de 12 de maio no Iraque foi cometido por seu filho após uma briga familiar.

"O assassinato do candidato Faruq Zarzur al-Juburi é um crime da justiça comum e não tem nenhuma relação com o terrorismo", afirmou em um comunicado o porta-voz do Conselho de Magistratura, Abdel Satar Bayraqdar.

"Foi resultado de uma briga familiar. O filho da vítima reconheceu que matou seu pai por causa de uma disputa", explicou.

Segundo fontes locais, seu filho se chama Ihsane e tem 18 anos.

Em um comunicado publicado no aplicativo Telegram, o EI assumiu o assassinato de al-Juburi, candidato sunita na lista liderada pelo vice-presidente Iyad Alaui.

O político foi morto a tiros em sua residência situada na região de Mossul (norte), que foi o principal reduto do EI no Iraque - disse uma autoridade local à AFP.

No comunicado, o grupo chama a vítima de "infiel" por participar nas eleições.

"Homens armados não identificados assassinaram, nesta segunda-feira ao amanhecer", este candidato da lista da "Aliança Nacional", declarou Salah al-Yuburi, uma autoridade municipal em Qayara, a cerca de 70 quilômetros da cidade de Mossul.

"Eles o abateram a tiros, depois de invadirem sua casa", completou.

Em um vídeo publicado no Facebook um dia antes de sua morte, o candidato, com seu filho de seis anos Rayan nos braços, pediu aos eleitores que tomassem cuidado "com os candidatos em fim de mandato e aqueles que compram votos".

Expulso de todas as zonas que controlava no Iraque no final de 2017, o EI ameaçou em abril atacar os colégios eleitorais, assim como eleitores e candidatos, durante as eleições de 12 de maio.

Ameaçou em particular os sunitas, majoritários na região de Mossul.

Em uma mensagem de áudio, em 23 de abril, o porta-voz do EI, Abulhasan al-Muhayer, ameaçou atacar os colégios eleitorais e os eleitores.

Ele se referia, particularmente, aos muçulmanos sunitas iraquianos para dissuadi-los de participar das eleições, as primeiras desde que o governo iraquiano proclamou, em dezembro, sua vitória sobre o EI.

"Oh sunitas (...) sabemos que o governo de Rafida ("infiéis", termo pejorativo, com o qual os salafistas designam os xiitas, majoritários no país) está prestes a convocar eleições. Nosso julgamento se aplicará, aos que convocam e aos que participam", completou o porta-voz do EI.

As organizações extremistas sunitas sempre se opuseram às eleições desde a queda de Saddam Hussein, em 2003, e multiplicaram os atentados nesses períodos.

Yuburi, que se apresentava pela primeira vez às legislativas, não é o único candidato morto nas últimas semanas.

No final de abril, Neym al-Hasnui, candidato da lista do Estado de Direito liderada pelo outro vice-presidente, Nuri al-Maliki, também foi abatido a tiros quando tentava mediar um conflito tribal em Bagdá.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEstado IslâmicoIraqueTerrorismo

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'