Julian Assange, fundador do WikiLeaks, falando na sacada da embaixada do Equador, em Londres (Rosie Hallam/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2012 às 14h18.
Nações Unidas - O fundador e editor-chefe do site WikiLeaks, Julian Assange, acusou nesta quinta-feira o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de tirar partido dos levantes da Primavera Árabe para obter ganhos políticos pessoais. As declarações foram feitas durante uma reunião lateral da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual Assange participou por meio de um link de vídeo.
O ativista australiano está abrigado na embaixada do Equador em Londres, onde não pode ser detido pela polícia londrina, desde 19 de junho, quando buscou refúgio no local após ter exaurido todas as possibilidades legais para não ser extraditado para a Suécia, onde é acusado por crimes sexuais.
Durante a reunião paralela organizada pelo Equador, o ativista tentou traçar paralelos entre ele mesmo e os instigadores da Primavera Árabe e afirmou que todos se decepcionaram com Obama. "Deve ser uma surpresa para os tunisianos quando Barack Obama diz que os Estados Unidos apoiaram as forças que querem mudanças na Tunísia", disse Assange, falando a partir de Londres.
Ele afirmou que os levantes no mundo árabe foram inspirados, em parte, pela divulgação, feita por sua organização, de informações sobre líderes despóticos, dentre eles o deposto presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali.
Assange afirmou que Obama - cujo governo ele acusa de formular um caso criminal contra o WikiLeaks e de perseguir sua equipe - busca tirar proveito das reformas da Primavera Árabe durante sua campanha para a reeleição.
"Mohamed Bouazizi não ateou fogo ao próprio corpo para que Barack Obama pudesse ser reeleito", disse Assange, referindo-se à autoimolação do vendedor de frutas que deu início ao levante que derrubou Ben Ali.
Em reunião realizada nesta quinta-feira com ministros de Relações Exteriores para discutir a questão, Reino Unido e Equador não chegaram a um acordo, disseram autoridades. "Não vemos uma solução imediata", disse o chancelar do Equador, Ricardo Patiño, aos jornalistas após encontro com o secretário de Relações Exteriores britânico William Hague, às margens da Assembleia Geral da ONU.
Hague disse a Patiño "que o Reino Unido é obrigado a extraditar Assange para a Suécia", disse um porta-voz do secretariado de Relações Exteriores britânico em comunicado". As informações são da Associated Press e da Dow Jones.