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Assange dispara tensão entre Reino Unido e Equador

O governo britânico se disse decepcionado com a decisão do Equador de dar asilo político ao ativista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange

Cartazes em apoio ao ativista Julian Assange: durante o confinamento de seu fundador no Reino Unido, o WikiLeaks continuou revelando relatórios secretos (Oli Scarff/ Getty Images)

Cartazes em apoio ao ativista Julian Assange: durante o confinamento de seu fundador no Reino Unido, o WikiLeaks continuou revelando relatórios secretos (Oli Scarff/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2012 às 14h41.

Redação Central - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que desafiou o mundo ao revelar milhares de documentos confidenciais dos Estados Unidos, provocou uma escalada da tensão entre Reino Unido e Equador, depois que Quito anunciou nesta quinta-feira a concessão de um asilo político.

O governo equatoriano aceitou dar o asilo que tinha solicitado Assange no dia 19 de junho na Embaixada do Equador em Londres, local que permanece refugiado para evitar sua extradição para a Suécia, onde é acusado por crimes sexuais e teme que as autoridades de Estocolmo acabem o enviando aos Estados Unidos.

Já o governo britânico expressou estar "decepcionado" com a decisão das autoridades do Equador e insistiu que "cumprirá" com sua obrigação de entregar à Suécia o jornalista australiano e que "a decisão do governo equatoriano não muda isso".

Assange rotulou como uma "vitória histórica" a aceitação de seu pedido de asilo pelo governo equatoriano e qualificou o Equador de "valente nação independente latino-americana".

O ativista solicitou asilo por se considerar perseguido, cinco dias depois de a Suprema Corte do Reino Unido ter descartado reabrir seu caso e aprovou sua extradição.

Nascido em Townsville, no estado de Queensland (Austrália) em 3 de julho de 1971, Assange sempre foi um grande entusiasta da informática e, quando tinha 16 anos, entrou no mundo da pirataria, onde utilizou o apelido de "Mendax".

Ele também foi um dos fundadores do grupo "International Subversives", acusado de invadir os sistemas do Departamento de Defesa americano e do Laboratório Nacional dos Álamos.

Em outubro de 1991, Assange admitiu que havia acessado os sistemas da Universidade Nacional da Austrália, do Instituto de Tecnologia Royal Melbourne (RMIT) e da empresa de telecomunicações canadense Nortel. Apesar de ter sido acusado por cerca de 20 crimes, foi condenado a apenas uma multa de 2.100 dólares australianos.


Nos anos 90, ele trabalhou como programador de software livre, em programas codificados para Linux e colaborou no livro "Underground: Tales of Hacking, Madness and Obsession on the Electronic Frontier", de Suelette Dreyfuss (1997), onde expôs sua filosofia de "hacker" de não danificar os sistemas informáticos que invadia.

Em dezembro de 2006, coincidindo com sua saída da Universidade de Melbourne, realizou o lançamento do portal WikiLeaks, com o objetivo de publicar informações filtradas sobre as injustiças de regimes opresores e condutas pouco éticas de países do Ocidente.

A importancia da página aumentou em julho e em outubro de 2010, com a divulgação em vários meios de comunicação e a publicação de milhares de documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão e no Iraque.

Em agosto de 2010, Assange foi acusado de estupro e abuso, acusações que ele sempre negou, e por causa disso sua prisão foi decretada.

No dia 7 de dezembro do mesmo ano, Assange se entregou à Scotland Yard em Londres e ingressou em prisão preventiva, embora uma semana depois sua liberdade condicional tenha sido concedida.

Em 24 de fevereiro de 2011, um juiz londrino aprovou sua extradição e, após recorrer a diversas instâncias judiciais, no dia 30 de maio de 2012 a Corte Suprema deu sinal verde para seu envio para a Suécia.

Durante o confinamento de seu fundador no Reino Unido, o WikiLeaks continuou revelando relatórios secretos, como os 251 mil documentos que afetavam a diplomacia americana e outros relativos a empresas de espionagem.

Além disso, desde abril, Assange começou a gravar uma série de entrevistas com personalidades "visionárias" e "revolucionárias" para o canal russo em inglês Rússia Today. 

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