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Assad quer evitar que Homs vire a capital da resistência

O Exército sírio bombardeia Homs para que não se repita o que aconteceu em Misrata, na Líbia, onde a resistência determinou a queda do ditador Muammar Kadafi

O Exército sírio não conseguiu romper a resistência dos desertores menos equipados, mas determinados a lutar até o fim (AFP)

O Exército sírio não conseguiu romper a resistência dos desertores menos equipados, mas determinados a lutar até o fim (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2012 às 17h40.

Beirute - O regime de Bashar al-Assad quer esmagar a qualquer preço a rebelião de Homs para evitar que esta cidade estratégica do centro da Síria se transforme na capital da resistência, como aconteceu com Misrata na Líbia durante a rebelião contra Muammar Kadafi, afirmam os analistas.

"A queda de Misrata anunciou a queda de Kadafi em Sirte", afirmou à AFP Karim Bitar, diretor de pesquisas no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS) de Paris.

Kadafi morreu em sua cidade natal em outubro de 2011.

"Se o regime não conseguir conter a revolta em Homs, Damasco e Aleppo, essas cidades podem começar a ferver", completou.

Nos últimos dias, os protestos se tornaram mais intensos em Damasco e na segunda maior cidade do país.

Apesar de três semanas de bombardeios contra a "capital da revolução", o Exército sírio não conseguiu romper a resistência dos desertores menos equipados, mas determinados a lutar até o fim.

"O regime acredita que, se controlar Homs, acabará com a revolução", declarou à AFP o coronel Rias al-Assad, porta-voz do Exército Sírio Livre (ESL), força integrada por desertores que combate o exército regular, em particular nesta cidade de um milhão de habitantes.

"Mas enfrenta uma resistência feroz e, por isto, até agora não lançou uma ofensiva".

Para os analistas, o Exército hesita em iniciar uma "guerra urbana".

"O Exército sírio sabe que entrar no bairro de Baba Amr significará ser atacado de todos os lados e que terá que tomar casa por casa", explica Fabrice Balanche, diretor do Grupo de Pesquisas e Estudos do Mediterrâneo e Oriente Médio (GREMMO), com sede em Lyon, França.

"Em 1982, o símbolo era Hama, hoje Baba Amr, por ser o bairro que mais resiste em Homs", completou Balanche.


Há 30 anos, uma revolta da Irmandade Muçulmana em Hama foi esmagada pelo presidente Hafez al-Asad, pai de Bashar, em uma ofensiva que deixou milhares de mortos.

"O regime irá até as últimas consequências, mas como não pode permitir-se 20.000 mortos como em Hama, bombardeia para aterrorizar os civis e provocar sua fuga. Quando restarem apenas os rebeldes, poderá arrasar Baba Amr", disse o analista.

De acordo com Balanche, o bairro de 40.000 habitantes já perdeu dois terços de sua população.

Além disso, a batalha de Homs também é uma questão geopolítica.

Terceira maior cidade da Síria, Homs é um centro industrial que fica entre Damasco e o norte do país. Sua província fica na fronteira com o norte do Líbano, de maioria sunita e simpatizante da revolta.

Também é um cruzamento vital, pelo qual passam as mercadorias da Turquia para os países do Golfo, gasodutos e oleodutos.

"Se a cidade ficar nas mãos da oposição, o país fica dividido em dois", afirmou Agnès Levallois, especialista em Oriente Médio.

"Se o regime controlar Homs, vai obstruir a mobilidade do ESL", explicou Levallois.

Segundo analistas e militantes, as armas para os rebeldes passam principalmente pelo norte do Líbano.

A preocupação do regime, nas mãos dos alauítas (corrente xiita minoritária na Síria), "é o eixo sunita Homs-Trípoli" (grande cidade do norte do Líbano), segundo Balanche.

A cidade de Homs reflete ainda as tensões religiosas do país.

O alauítas, que constituem 25% da população de Homs, controlam os cargos administrativos e atiçam a frustração das classes populares sunitas, que devem contentar-se com trabalhos menores ou dedicar-se ao contrabando com o Líbano.

"No começo, o levante dos bairros sunitas e pobres foi, acima de tudo, uma revolta contra a miséria", afirma Balanche.

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