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Assad nega ter ordenado a morte de manifestantes

Segundo o ditador sírio, "apenas um louco" mataria sua própria população

Assad também questionou a cifra de 4.000 mortos divulgada pela ONU (AFP)

Assad também questionou a cifra de 4.000 mortos divulgada pela ONU (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2012 às 17h48.

Washington - O presidente sírio Bashar al-Assad negou ter ordenado a morte de manifestantes em seu país, afirmando que "apenas um louco faria isso", em uma entrevista concedida ao canal de televisão americano ABC News.

O presidente sírio também questionou o balanço divulgado pela ONU de 4.000 mortos na repressão das manifestações, alegando que maioria dos mortos foi de partidários do governo e não o contrário.

Ele também minimizou as consequências das sanções internacionais contra seu país e disse que o seu regime tem implementado reformas democráticas.

Assad, que concedeu entrevista à veterana jornalista americana Barbara Walters em um encontro pouco comum com um veículo de comunicação estrangeiro, afirmou que não é responsável pelos noves meses de violência no país e culpou indivíduos da oposição pelos excessos, não o regime.

"Nós não matamos nosso povo", afirmou Assad, segundo a ABC News.

"Nenhum governo no mundo assassina seu povo, a menos que seja liderado por um louco", completou.

"Não há nenhuma ordem para matar ou ser brutal na repressão", disse Assad.

Testemunhas e grupos de direitos humanos denunciaram que as forças sírias abusaram da força e torturaram manifestantes para esmagar qualquer ameaça contra o regime da família Assad, que está há quadro décadas no poder.

A ONU calcula que mais de 4.000 pessoas morreram desde o início da revolta na Síria, em março, como parte da onda pró-democracia que varre o mundo árabe e que já provocou a queda dos regimes na Tunísia, Egito e Líbia.

Assad rebateu o balanço de mortos: "Quem disse que as Nações Unidas são uma instituição confiável?".

"A maioria das pessoas mortas são seguidores do governo, e não o contrário", afirmou o líder sírio, antes de destacar que 1.100 soldados e policiais morreram em atos violentos.


No conflito morreram 307 crianças, 56 delas apenas em novembro, segundo o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, da Comissão Internacional de Investigações sobre a Síria, que recebeu mandato da ONU.

Walters pressionou Assad sobre o caso de Hamza al-Khatib, um adolescente de 13 anos que de acordo com grupos de defesa dos direitos humanos foi morto em abril, depois de ter sido ferido a tiros, queimado e castrado.

"Para ser franco com você, Barbara, não acredito", declarou Assad a respeito das acusações de abusos contra crianças.

"Toda reação brutal é obra de um indivíduo, não de uma instituição, isto é o que deve saber", completou.

Assad afirmou que o governo avança na adoção de reformas, mas admitiu: "Nunca dissemos que somos um país democrático".

"Isto leva muito tempo. Precisamos de muita maturidade para ser uma democracia plena".

A Síria enfrenta uma crescente condenação internacional, que inclui sanções por parte do Ocidente e medidas similares da Liga Árabe e da vizinha Turquia.

Mas Assad não demonstrou preocupação com as ameaças na entrevista ao canal ABC News.

"Estivemos sob sanções nos últimos 30, 35 anos. Não é algo novo".

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