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Assad é ligado a ataques químicos na Síria pela primeira vez

Uma lista foi produzida com indivíduos que os investigadores associaram a uma série de ataques com bomba de cloro em 2014 e 2015

Bashar al-Assad: o governo tem sempre repetido que não usou essas armas durante a guerra civil, que já dura quase seis anos (SANA/Reuters)

Bashar al-Assad: o governo tem sempre repetido que não usou essas armas durante a guerra civil, que já dura quase seis anos (SANA/Reuters)

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Reuters

Publicado em 13 de janeiro de 2017 às 18h25.

Última atualização em 13 de janeiro de 2017 às 18h26.

Investigadores internacionais disseram pela primeira vez que suspeitam que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e o seu irmão são responsáveis pelo uso de armas químicas no conflito sírio, segundo documento visto pela Reuters.

Uma investigação conjunta para a Organização das Nações Unidas (ONU) e a agência global de fiscalização Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) havia identificado previamente somente unidades militares, sem dar nomes de nenhum comandante ou autoridade.

Agora, uma lista foi produzida com indivíduos que os investigadores associaram a uma série de ataques com bomba de cloro em 2014 e 2015, incluindo Assad, Maher, o seu irmão mais novo, e outras figuras importantes, indicando que a decisão de usar armas tóxicas veio do alto escalão, de acordo com uma fonte conhecedora do inquérito.

Os Assad não puderam ser contactados para comentar a informação, mas uma autoridade do governo disse que as acusações de que forças oficiais teriam usado armas químicas não tinham nenhuma base.

O governo tem sempre repetido que não usou essas armas durante a guerra civil, que já dura quase seis anos, afirmando que todos os ataques destacados pela investigação foram ações dos rebeldes ou do grupo militante Estado Islâmico.

A lista, que foi vista pela Reuters, mas não tornada pública, teve como base uma combinação de evidências reunidas pela equipe da ONU e da Opaq na Síria e informações de agências de inteligência regionais e ocidentais, segundo a fonte, que pediu anonimato.

A Reuters não teve como verificar de forma independente as evidências.

O inquérito, conhecido como Mecanismo Investigativo Conjunto, é liderado por um painel de três especialistas independentes, apoiado por uma equipe técnica e administrativa.

Ele foi autorizado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas a identificar pessoas e organizações responsáveis pelos ataque químicos na Síria.

Virginia Gamba, chefe do mecanismo investigativo, negou que uma lista de indivíduos suspeitos havia sido organizada pelo inquérito.

"Não há identificação de indivíduos sendo considerada neste momento", afirmou ela à Reuters por e-mail.

O uso de armas químicas é proibido pelas leis internacionais e pode constituir crime de guerra.

Ao mesmo tempo que a investigação não tem poderes judiciais, qualquer indicação de suspeitos pode levar a processo contra eles.

A Síria não integra o Tribunal Penal Internacional, mas supostos crimes de guerra podem ser citados para o tribunal pelo Conselho de Segurança, embora as diferenças entre as potências globais em relação à guerra tornem essa possibilidade difícil no momento.

A lista poderia ser uma base para o trabalho dos investigadores neste ano, segundo a fonte. Não está claro se as Nações Unidas ou a Opaq vão publicar a lista separadamente.

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