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'Asfixiados': onda recorde de calor e poluição sufocam Pequim

Temperatura escaldante levou o governo a pedir que crianças e idosos fiquem em casa a fim de evitar a contaminação por poluentes tóxicos

As temperaturas extremas obrigam entregadores a se refugiarem sob as pontes (Kevin Frayer/Getty Images)

As temperaturas extremas obrigam entregadores a se refugiarem sob as pontes (Kevin Frayer/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 19 de julho de 2023 às 18h59.

Última atualização em 19 de julho de 2023 às 19h19.

Uma onda de calor massiva atingiu Pequim, na China, nesta quarta-feira, onde se mantém uma sequência recorde de quatro semanas com temperaturas máximas acima dos 35 °C, seguindo a tendência de extremos registrados recentemente no Hemisfério Norte. Além disso, o calor escaldante elevou os níveis de poluição do ar, levando o governo a pedir que crianças e idosos fiquem em casa a fim de evitar a contaminação por poluentes tóxicos.

As temperaturas extremas obrigam entregadores a se refugiarem sob as pontes e moradores a cobrir o rosto e os braços com roupas de proteção. Em frente à famosa Cidade Proibida, turistas tentam amenizar o calor com miniventiladores elétricos.

"Ao meio-dia, sinto como se o sol queimasse minhas pernas, como se queimasse minha pele", disse à AFP Qiu Yichong, um estudante universitário de 22 anos que visita a capital chinesa durante as férias de verão no Hemisfério Norte.

Ondas de calor

Grandes regiões da Ásia, Europa e América do Norte estão há algumas semanas imersas em uma forte onda de calor, fenômeno agravado segundo cientistas pelo impacto dos gases de efeito estufa.

A capital chinesa quebrou um recorde de 23 anos com 27 dias consecutivos de temperaturas acima de 35 °C na terça-feira, de acordo com a Administração Meteorológica da China. A temperatura registrada pela estação meteorológica de referência de Pequim em seus subúrbios ao sul aumentou ainda mais na tarde de quarta-feira, para 36,3 °C.

"Parece que está mais quente do que nunca este ano", diz Han Weili, uma entregadora. "Eu carrego uma garrafa de água gelada quando saio e tento me manter hidratada para evitar insolação".

Han, de 38 anos, é o principal sustento de sua família depois que seu marido sofreu uma hemorragia cerebral no ano passado, impedindo-o de trabalhar.

"Às vezes, quando está muito calor, sinto-me um pouco confusa ou tonta", explica ela, que tenta descansar "perto de um rio ou debaixo de uma ponte".

Sua renda depende do número de entregas que faz e ela não ganha mais por trabalhar em condições de calor.

Fique em casa

O calor escaldante também elevou os níveis de poluição do ar. O governo de Pequim pediu aos idosos que fiquem em casa e às crianças que diminuam o tempo de brincadeiras ao ar livre para reduzir a exposição ao calor e à poluição do ozônio no nível do solo, um dos principais componentes da nuvem tóxica que envolve a cidade.

"Trabalho das 7h às 19h... Nos primeiros dias [da onda de calor], sentia sono o tempo todo", diz Li Yong, que trabalha como segurança, aos 57 anos. "Procuro beber mais água e procurar um local com alguma sombra".

As pessoas ligam o ar condicionado em escritórios, residências e restaurantes para se refrescar, causando aumento na demanda por energia, de acordo com concessionárias de serviços públicos. Isso cria, assim, um círculo vicioso em que mais combustíveis fósseis são queimados, contribuindo para o aquecimento do planeta.

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