Redatora
Publicado em 17 de junho de 2025 às 07h30.
O relógio corre para que os países fechem novos acordos comerciais com os Estados Unidos. Faltam cerca de três semanas para o fim da pausa nas tarifas recíprocas implementadas por Donald Trump, e, se nada for fechado até 7 de julho, as tarifas adicionais voltam a valer.
Desde o último dia 16 de junho, já está em vigor uma tarifa-base de 10% sobre todas as importações aos EUA, com poucas exceções para setores como automóveis e eletrônicos. Ao mesmo tempo, Trump elevou de 25% para 50% as tarifas sobre aço e alumínio.
Com a China, houve um alívio temporário: tarifas que chegavam a 245% caíram para 30%, mas só por 90 dias, contados desde 14 de maio. A União Europeia também respira por ora. As tarifas de 50%, que começariam em 1º de junho, foram adiadas, com novo prazo fixado também para 7 de julho. A Comissão Europeia já avisou que as negociações serão “aceleradas”.
O governo americano negocia simultaneamente com parceiros como União Europeia, China, Japão e México, mas até agora o único acordo formal foi fechado com o Reino Unido, no último dia 16 de junho.
Canadá
O primeiro-ministro Mark Carney classificou as tarifas como “injustificáveis” e prometeu proteger empregos canadenses com medidas como aumento de proteções à indústria local e expansão da capacidade produtiva. Durante encontro com Trump em 6 de maio, ambos sinalizaram uma possível revisão do USMCA, o acordo comercial entre EUA, Canadá e México.
China
Após avanços nas conversas realizadas em Londres, os dois países chegaram a um acordo de estrutura comercial provisório. Segundo Li Chenggang, vice-ministro do Comércio da China, o pacto prevê que o país asiático retome as exportações de terras raras para os EUA, enquanto os americanos flexibilizam restrições para exportações e renovam vistos para estudantes chineses.
O governo chinês reforçou, no entanto, que não aceitará negociações se os EUA não retirarem as tarifas consideradas “unilaterais”.
Reino Unido
O Reino Unido assinou um acordo com os EUA em 16 de junho, mantendo os termos discutidos previamente na Casa Branca em maio. O pacto inclui redução de tarifas sobre automóveis e setor aeroespacial, além de eliminar tarifas sobre aço e alumínio britânicos. Segundo o governo britânico, o acordo deve gerar uma oportunidade de US$ 5 bilhões em exportações adicionais para os EUA.
Apesar disso, a tarifa-base de 10% sobre todas as importações do Reino Unido permanece em vigor.
México
O México enfrenta uma tarifa de 25%, mas, segundo a presidente Claudia Sheinbaum, o país não adotará medidas retaliatórias. Ela destacou que a boa relação diplomática com os EUA evitou penalidades mais severas. A líder mexicana também havia negociado anteriormente uma suspensão das tarifas ao reforçar ações contra o tráfico de fentanil e aumentar o efetivo da Guarda Nacional na fronteira.
União Europeia
Após pressão direta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Trump decidiu adiar as tarifas de 50% sobre o bloco. Von der Leyen declarou que a Europa está pronta para “avançar rapidamente” nas negociações. O negociador-chefe da UE, Maros Sefcovic, também relatou avanços nas conversas com autoridades americanas.
A União Europeia havia oferecido aos EUA um acordo de “zero a zero”, eliminando tarifas de ambos os lados, mas a proposta foi recusada por Washington.
Espanha
O primeiro-ministro Pedro Sánchez chamou as tarifas americanas de “ataque unilateral” e “protecionismo do século 19”. Anunciou também um pacote de auxílio de € 14,1 bilhões (US$ 15 bilhões) para setores prejudicados, como alumínio, azeite e vinho. Para Sánchez, a suspensão parcial das tarifas abriu uma “porta para negociação”, mas reforçou que a Europa não ficará de braços cruzados.
Alemanha
O então chanceler Olaf Scholz, que deixou o cargo em maio, afirmou que as medidas de Trump são “fundamentalmente erradas” e representam um ataque ao sistema de comércio global. Ele foi sucedido por Friedrich Merz, que ainda não se manifestou oficialmente sobre o tema. O ministro da Economia, Robert Habeck, declarou que Trump tende a ceder se a Europa se mantiver unida.
Austrália
O primeiro-ministro Anthony Albanese afirmou que não adotará tarifas retaliatórias, apesar de criticar a decisão dos EUA. “Quem mais perde são os próprios consumidores americanos”, disse. Mesmo assim, destacou que o histórico de parceria entre os dois países “é maior do que uma decisão ruim”.
Japão
O primeiro-ministro Shigeru Ishiba pediu a Trump que reduza as tarifas sobre produtos japoneses. Durante uma ligação em abril, Ishiba ressaltou que o Japão é o maior investidor estrangeiro nos EUA há cinco anos consecutivos e que as tarifas podem comprometer os investimentos. Apesar das críticas, Ishiba afirmou que não pretende cancelar o acordo bilateral firmado em 2019, mas seguirá pressionando por revisões.