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As 4 principais medidas adotadas pelo Papa Francisco

O Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira aos 88 anos, adotou uma série de medidas importantes durante o seu pontificado

Papa Francisco: pontífice argentino buscava descentralizar a influente Cúria Romana e dar mais espaço aos leigos e às mulheres (Andreas SOLARO/AFP)

Papa Francisco: pontífice argentino buscava descentralizar a influente Cúria Romana e dar mais espaço aos leigos e às mulheres (Andreas SOLARO/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 21 de abril de 2025 às 11h49.

Última atualização em 21 de abril de 2025 às 12h01.

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O Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos, adotou uma série de medidas importantes durante o seu pontificado, desde a reforma da Cúria Romana ao combate aos abusos sexuais de menores na Igreja.

Estas são as linhas gerais de suas principais ações como líder da Igreja Católica.

- Reformas -

O Papa Francisco queria implementar uma reforma profunda na Cúria Romana — o governo central da Igreja — a fim de fortalecer o processo de anúncio do Evangelho e de ouvir as igrejas locais.

O pontífice argentino buscava descentralizar a influente Cúria Romana e dar mais espaço aos leigos e às mulheres.

Essas reformas, algumas criticadas internamente, foram concretizadas em 2022, com a vigência de uma nova Constituição, que reorganizou os dicastérios, ou seja, ministérios, e priorizou a evangelização.

Francisco também renovou o obscuro setor financeiro do Vaticano, envolvido em escândalos, com a criação, em 2014, de uma Secretaria para a Economia. Uma estrutura de investimento foi implementada e medidas anticorrupção foram tomadas. Também ordenou a limpeza do Banco do Vaticano, com o fechamento de 5 mil contas.

No entanto, as medidas foram prejudicadas pelo impacto da pandemia de covid-19 e pelo caso Becciu, um importante cardeal que foi julgado por uma transação imobiliária opaca da Santa Sé.

- Luta contra a pedofilia na Igreja -

A multiplicação de escândalos de abuso sexual de menores na Igreja, da Irlanda à Alemanha, passando por Estados Unidos e Chile, foi um dos desafios mais dolorosos que enfrentou.

Após os fracassos de uma comissão internacional de especialistas criada em 2014 e uma viagem polêmica ao Chile em 2018 que terminou em uma série de renúncias e expulsões, Francisco se desculpou publicamente por defender de maneira equivocada um bispo. Ele também multiplicou os pedidos de desculpas às vítimas e recebeu-as no Vaticano.

Em 2019, ele destituiu o cardeal americano Theodore McCarrick, condenado por abuso sexual de menores. Um gesto notável com o qual aplicou a linha de "tolerância zero" em relação a este crime.

O pontífice também criou uma comissão para a proteção de menores, que acabou sendo integrada à Cúria.

Em 2019, uma cúpula sem precedentes celebrada no Vaticano sobre a proteção de menores resultou em uma série de medidas concretas, incluindo a eliminação do sigilo pontifício sobre esses crimes, a obrigatoriedade dos religiosos relatarem todos os casos à sua hierarquia, a criação de plataformas de escuta em dioceses de todo o mundo... No entanto, o sigilo da confissão permaneceu inabalável.

- Diplomacia e ‘periferias’ -

Em suas mais de 40 viagens ao exterior, Jorge Mario Bergoglio buscou, acima de tudo, visitar as "periferias" do mundo, especialmente os países marginalizados do Leste Europeu, da América Latina e da África.

O pontífice latino-americano foi um forte defensor do multilateralismo e denunciou consistentemente a guerra e o comércio de armas. Ele se manifestou a favor do diálogo com todas as religiões e manteve um relacionamento especial com o islã, que foi selado com uma visita histórica ao Iraque em 2021.

Durante seu pontificado, também chegou a um acordo sem precedentes com o regime comunista da China em 2018, sobre a espinhosa questão da nomeação de bispos.

A diplomacia da Santa Sé também trabalhou para a histórica reaproximação entre Cuba e Estados Unidos em 2014 e apoiou o processo de paz na Colômbia.

Além disso, a Igreja liderada por Francisco se envolveu em vários conflitos regionais na América Latina e na África, abrindo canais e aproximando as partes, e promoveu acordos na Venezuela, entre Nicarágua e Costa Rica, e entre o Haiti e a República Dominicana.

Entretanto, não conseguiu interceder no caso da guerra ucraniana, que teve início com a invasão russa em fevereiro de 2022.

Esse conflito também freou a reaproximação gradual com o patriarca ortodoxo russo Kirill, com quem Francisco realizou uma reunião histórica em 2016, a primeira entre os líderes das Igrejas Oriental e Ocidental desde o cisma de 1054.

- Migrações, meio ambiente e justiça social -

Na ilha italiana de Lampedusa, destino dos migrantes de tentam chegar à Europa, ou no acampamento grego de Lesbos, no Mar Egeu, o pontífice argentino defendeu os migrantes e pediu que eles fossem acolhidos sem distinção, visto que estariam fugindo da guerra e da miséria.

Em sua encíclica "Laudato Si" (2015), ele pediu uma "revolução verde" e criticou o "uso irresponsável dos bens que Deus colocou" na Terra, além de reiterar seu compromisso com a "ecologia integral".

Em 2020, ele escreveu uma exortação em defesa da Amazônia depois de consultar no Vaticano todos os líderes religiosos e indígenas desse imenso território, após introduzir o que chamou de "pecado ecológico".

A pandemia de covid-19 reforçou o eco de seus apelos por maior justiça social.

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