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Médico que liderou plano relaxado da Suécia contra covid-19 admite erros

Epidemiologista-chefe admite que plano poderia ter sido diferente; país se tornou um dos líderes mundiais em mortes per capita pela doença

Grupos em parque de Tantolunden em Estocolmo, na Suécia, no dia 22 de maio (Loulou D'Aki/Bloomberg)

Grupos em parque de Tantolunden em Estocolmo, na Suécia, no dia 22 de maio (Loulou D'Aki/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de junho de 2020 às 11h41.

Última atualização em 3 de junho de 2020 às 12h22.

Poucos países foram tão discutidos na crise do coronavírus quanto a Suécia. Na contramão da maior parte do mundo e das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país baniu aglomerações mas manteve shoppings, restaurantes, escolas e academias abertas.

Elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro e outros defensores do foco em evitar os impactos econômicos do fechamento, também tornou o país um dos líderes mundiais em mortes per capita pela covid-19.

Anders Tegnell, epidemiologista-chefe do país e arquiteto do plano abraçado pelo governo, admitiu nesta quarta-feira (03) em entrevista à uma rádio sueca que gente demais havia morrido e que será preciso avaliar se isso era evitável.

“Se eu fosse encontrar a mesma doença com o mesmo conhecimento que tenho hoje, creio que nossa resposta acabaria sendo um meio do caminho entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez", disse. Ainda assim, disse que a estratégia funcionou bem.

A população e o governo apoiaram o plano mais relaxado, mas há sinais de fratura. O primeiro-ministro Stefan Lofven já disse que uma comissão será colocada para avaliar a resposta.

A Suécia, com 10 milhões de habitantes, já teve quase 4.500 mortes pela covid-19. As vizinhas Noruega e Finlândia, que somadas tem o mesmo número de habitantes, não chegam a 600 mortes somadas.

Também não está claro até que ponto o país colherá frutos econômicos da sua estratégia. Na última sexta-feira, a Suécia surpreendeu ao anunciar que seu PIB cresceu 0,1% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior. A previsão média de economistas ouvidos pela Reuters era de contração de 0,6%.

No entanto, a maior parte dos impactos devem estar concentrados no segundo trimestre, para o qual ainda há poucos dados. Órgãos oficiais suecos preveem uma queda do PIB de pelo menos 7% no ano fechado, patamar semelhante ao de outros países europeus. E no momento onde os vizinhos começam a reabrir fronteiras, a Suécia vai continuar de fora. É arriscado demais.

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