Mundo

Armênia e Azerbaijão concluem negociações sobre acordo para encerrar quase 40 anos de conflito

Últimos entraves que impediam a conclusão do texto foram superados, mas azeris exigem mudanças na Constituição armênia antes de assinatura

Segundo a Chancelaria armênia, o texto já está pronto para ser assinado, em data ainda ser definida (Gleb Garanich/Reuters)

Segundo a Chancelaria armênia, o texto já está pronto para ser assinado, em data ainda ser definida (Gleb Garanich/Reuters)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 13 de março de 2025 às 17h14.

Os governos da Armênia e do Azerbaijão anunciaram a conclusão de um acordo de paz para encerrar quase 40 anos de conflito entre as duas ex-repúblicas soviéticas, centrado no território de Nagorno-Karabakh, tomado por Baku em 2023.

Em comunicados separados — o Azerbaijão não quis emitir uma declaração conjunta —, os chanceleres dos dois países confirmaram a conclusão das negociações. Segundo o ministro azeri, Jeyhun Bayramov, a “Armênia aceitou as propostas do Azerbaijão sobre dois artigos previamente não resolvidos” do acordo de paz.

Ele se referia a desavenças sobre a presença de forças de outros países posicionadas em áreas de fronteiras, além do compromisso dos dois lados abandonarem processos movidos em tribunais internacionais, como na Corte Internacional de Justiça e na Corte Europeia de Direitos Humanos, relacionados aos dois conflitos travados entre as nações.

Próximos passos e pendências constitucionais

Segundo a Chancelaria armênia, o texto já está pronto para ser assinado, em data ainda ser definida, mas há um tópico ainda em discussão que pode atrasar a concretização do plano.

O governo do Azerbaijão exige que a Armênia retire da Constituição uma menção interpretada como sendo um chamado à soberania do país sobre o território de Nagorno-Karabakh — segundo a lei armênia, emendas constitucionais precisam ser aprovadas em referendo, e o premier Nikol Pashinyan disse ser favorável a uma votação para aprovar mudanças à Carta, algo que ainda não tem data para acontecer.

— Acreditamos que este é um texto de compromisso, como um acordo de paz deve ser — disse o premier a jornalistas.

Histórico do conflito em Nagorno-Karabakh

Iniciado no final dos anos 1980, pouco antes do desmantelamento da União Soviética, o conflito entre Azerbaijão e Armênia é centrado no enclave de Nagorno-Karabakh, onde havia uma considerável população de origem armênia, e que motivou duas violentas guerras, a primeira entre 1992 e 1994 e a segunda em 2020, além de conflitos pontuais recorrentes.

Em setembro de 2023, Baku lançou uma operação relâmpago, na qual assumiu o controle do território em 24 horas, levando à saída de mais de 100 mil pessoas e ao posterior reconhecimento por parte de Yerevan da soberania azeri da região. A partir daí começaram as negociações para um acordo definitivo de paz, que parece mais perto hoje.

Possível normalização das relações com a Turquia

Para Pashinyan, o acordo com Baku também poderá abrir caminho para a normalização das relações com a Turquia, aliada do Azerbaijão e com quem os armênios têm questões políticas e históricas em aberto.

— A questão não é se haverá normalização, mas quando ela ocorrerá. É apenas uma questão de tempo. E devemos avançar pacientemente em direção a isso, agir de acordo com o princípio de "não causar dano". No meu entendimento, a normalização armênio-turca é apenas uma questão de tempo — disse o premier, citado pela agência Tass.

Acompanhe tudo sobre:ArmêniaAzerbaijãoDireitos Humanos

Mais de Mundo

Governo Trump 'condena' decisão de Moraes por prisão domiciliar de Bolsonaro

Netanyahu diz estar preparando 'instruções' ao Exército israelense de continuação da guerra em Gaza

Califórnia representa ameaça ao plano de Trump de redesenhar mapa congressual dos EUA

Nasa vai anunciar projeto para construir usina nuclear na Lua, diz site