Mundo

Arizona se torna Estado-chave para definição das eleições nos EUA

Ainda faltavam cerca de 600 mil cédulas para contar no Estado, em que a grande maioria prefere votar por correio

Junto com Nevada e Geórgia — que terá segundo turno — o Arizona ainda não tinha resultados definidos até esta quinta-feira (Getty Images/Getty Images)

Junto com Nevada e Geórgia — que terá segundo turno — o Arizona ainda não tinha resultados definidos até esta quinta-feira (Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de novembro de 2022 às 16h34.

Um antigo reduto republicano nos Estados Unidos, o Estado do Arizona se tornou um campo de batalha essencial desde a presidência de Donald Trump, e nas eleições de meio de mandato deste ano será um dos definidores do controle do Senado, além de possivelmente trazer mudanças nas regras para a eleição de 2024.

Junto com Nevada e Geórgia — que terá segundo turno — o Arizona ainda não tinha resultados definidos até esta quinta-feira, 10, dois dias depois que as urnas foram fechadas.

Ainda faltavam cerca de 600 mil cédulas para contar no Estado, em que a grande maioria prefere votar por correio. O número é cerca de um quarto do total de votos. Com 8 em cada 10 moradores do Estado optando por votar por correio, as contagens prolongadas se tornaram um elemento básico há anos, já que muitas pessoas esperam até o último minuto para enviá-los.

Mas, à medida que o Arizona se transformou de uma fortaleza do Partido Republicano em um campo de batalha competitivo, os atrasos tornaram-se cada vez mais uma fonte de ansiedade nacional para os partidários de ambos os lados. Não a toa, a modalidade de voto pode estar em jogo para próximas eleições, a depender dos resultados deste pleito.

Depois de abrir com vantagem no início da noite da eleição, quando apenas as cédulas enviadas mais cedo foram contadas, os democratas viram suas lideranças diminuírem à medida que mais cédulas republicanas foram chegando. Até esta manhã, os democratas lidera as disputas para Senado, governador e secretário de Estado, enquanto a disputa para procurador-geral estava essencialmente empatada. Pode levar vários dias até que fique claro quem ganhou algumas das disputas mais acirradas.

O Estado será um dos decisivos para a maioria no Senado, que, contra todas as expectativas pré-eleitorais, pode continuar sob comando dos democratas. O senador Mark Kelly, um democrata e ex-astronauta que construiu um perfil nacional como defensor da segurança de armas, está liderando contra o republicano Blake Masters, um político recém-chegado.

Diferentemente da corrida pela Câmara dos Representantes que indica uma maioria republicana — embora muito menor do que a esperada — a batalha pelo Senado segue apertada. Segundo as projeções da Associated Press, até o momento a disputa está em 48 assentos para democratas e 49 para republicanos, sendo necessário 51 para ter a maioria. Como democratas contam com o voto de desempate de Kamala Harris, que acumula a vice-presidência com a liderança da Câmara alta, um empate de 50 a 50 já é suficiente.

Alegações de fraude

As atenções também estão na disputa pelo governo do Estado, até o momento liderado por uma democrata, mas cada vez mais acirrada. De um lado, a democrata Katie Hobbs, que ganhou destaque nacional quando ajudou a certificar os resultados da eleição presidencial de 2020, defendendo a integridade do sistema eleitoral. E de outro, Kari Lake, uma ex-âncora de notícias de Phoenix que é endossada por Trump e que coloca em questionamento as eleições.

Junto com a Pensilvânia, o Arizona se vê agora no meio de intensas campanhas de desinformação sobre fraude eleitoral. O caso se acentuou depois que autoridades do condado de Maricopa, o mais populoso do estado, disseram que cerca de 17 mil cédulas foram afetadas por um acidente de impressão que impediu que os contadores de votos lessem algumas cédulas, um problema que atrasou a votação em alguns locais e enfureceu os republicanos. Autoridades do condado disseram que todas as cédulas serão contadas, mas não deram prazo para fazê-lo.

Quer receber os fatos mais relevantes do Brasil e do mundo direto no seu e-mail toda manhã? Clique aqui e cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

A causa permanece um mistério. Os dois altos funcionários do conselho de supervisores do condado, ambos republicanos, disseram em comunicado na noite de quarta-feira, 9, que usaram as mesmas impressoras, configurações e espessura de papel durante as primárias de agosto e os testes pré-eleitorais, quando não houve problemas generalizados.

A candidata Kari Lake repetiu sua promessa de fazer mudanças consideráveis nas leis eleitorais do Arizona. Ela quer reduzir significativamente a votação antecipada e pelo correio, opções favoritas dos eleitores do Arizona, e contar todas as cédulas à mão, o que os administradores eleitorais dizem que consumiria muito tempo. As cédulas podem ter dezenas de disputas. O condado de Maricopa tem mais de 50 juízes na cédula, além de corridas estaduais e locais e 10 medidas de votação.

"Vamos voltar para pequenas delegacias onde é mais fácil detectar problemas e corrigi-los e será mais fácil contar votos também", disse Lake ao apresentador da Fox News Tucker Carlson na quarta-feira à noite. "Estas são algumas das coisas que eu gostaria de ver acontecer. Vou trabalhar com o Legislativo."

Sua adversária Katie Hobbs saiu na frente nas primeiras contagens de votos, onde são analisadas as cédulas antecipadas que historicamente tendem a favorecer os democratas. Em 2020, o mesmo condado de Maricopa se viu no meio de uma batalha, quando republicanos pediram uma recontagem de votos alegando fraude. A recontagem, mais tarde, confirmou a derrota de Trump no Estado.

LEIA TAMBÉM:

Inflação desacelera sem prejudicar crescimento econômico e emprego, diz Biden

Biden e Xi vão se reunir em Bali no dia 14

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEleições americanasJoe Biden

Mais de Mundo

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo