Mauricio Macri: presidente argentino disse na quarta (16) que as turbulências que levaram o país recorrer ao FMI estão superadas, mas deputados contestam (Enrique Marcarian/Reuters)
EFE
Publicado em 17 de maio de 2018 às 22h30.
Buenos Aires - Milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira em um protesto contra o acordo que está sendo negociado pelo presidente do país, Mauricio Macri, e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os manifestantes faziam lembranças constantes ao papel da instituição comandada atualmente por Christine Lagarde na crise de 2001. Convocados por movimentos sociais e partidos de esquerda, eles se reuniram para exigir uma alternativa ao resgate do FMI.
Professores e estudantes se uniram ao protesto, mas com outra pauta. O grupo exigia o fim dos cortes do governo na educação.
A deputada Victoria Donda afirmou à Agência Efe que o FMI já provou o que acontece com a Argentina quando há intervenção no país.
"Terminamos quebrados, sem soberania monetária e com níveis de pobreza alarmantes. Espanha e Grécia sabem disso. Chamamos o governo a dialogar com os diferentes setores da política para buscar uma saída que seja viável para todos e não só para alguns", ressaltou.
Sobre as declarações de Macri, que ontem disse que as turbulências que levaram o país recorrer ao FMI estão superadas, a deputada avaliou que o presidente está "alucinando".
"Se não houver uma real recuperação macroeconômica do país, vamos voltar a ter outra crise, voltar a ter o aumento do dólar. Isso provocará um aumento inflacionário a mais", projetou Donda.
"Eu não sei quanto o povo vai aguentar sustentar um presidente cuja única autocrítica é ser otimista demais", concluiu.
O ex-deputado Alejandro Bodart, que também participava do protesto, afirmou que as dificuldades econômicas das últimas semanas são apenas o começo.
"Se aproxima um ajuste brutal que ocasionará perda de emprego, salários em baixa e uma infinidade de medidas que vão fazer o povo argentino chegar à miséria", afirmou.
"Provamos várias vezes a receita do Fundo e sempre terminamos no fundo", completou o ex-deputado, que defende uma auditoria da dívida do país.
Em paralelo, professores e estudantes universitários realizaram uma marcha em defesa da universidade pública.
O secretário-geral do Sindicato Unificado de Trabalhadores da Educação de Buenos Aires, Roberto Baradel, disse que os docentes esperam um aumento real de seus salários. Macri propôs um reajuste próximo a 15%, meta de inflação do governo, mas analistas estimam que o índice ficará acima de 20% neste ano no país.
"Infelizmente este governo está fazendo cortes. Agora, com a perspectiva de um acordo com o FMI, vai ficar pior", afirmou Baradel.