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Argentinos começam a escolher sucessor de Cristina

A votação primária envolve 32 milhões de eleitores


	Casa Rosada: pesquisas apontam que o representante kirchnerista, Daniel Scioli, terá mais eleitores
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Casa Rosada: pesquisas apontam que o representante kirchnerista, Daniel Scioli, terá mais eleitores (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2015 às 14h12.

Buenos Aires - Os argentinos começaram neste domingo a decidir quem será o substituto de Cristina Kirchner a partir de dezembro. A votação primária que envolve 32 milhões de eleitores define candidatos de cada grupo político à presidência, ao governo de algumas províncias, bem como parte do Congresso e do Parlamento do Mercosul.

A maior expectativa recai sobre o desempenho dos três principais postulantes à presidência, o que indicará a probabilidade de a sucessão se resolver em 25 de outubro, no primeiro turno, ou em uma segunda votação em 22 de novembro. Isso dependerá da diferença que o governismo abrirá e se algum opositor se colocará claramente em segundo.

Levantamentos de consultoras apontam que o representante kirchnerista, Daniel Scioli, da Frente Pela Vitória, terá mais eleitores - até porque os dois principais blocos opositores, embora com favoritos claros à nominação, apresentarão votação fragmentada.

A campanha de Scioli espera atingir pelo menos 40%, o que levaria seu grupo a tentar a vitória definitiva em outubro. Isso ocorre quando um candidato alcança 45% dos votos válidos, ou 40% desde que abrindo 10 pontos porcentuais sobre o segundo colocado. Scioli tem 36,1% das intenções de voto segundo a última pesquisa da consultoria M&F.

Sua campanha vem em ascensão desde que o governismo unificou candidato, com a condição de ele ter como vice o aliado da presidente Carlos Zannini, um dos ideólogos do kirchnerismo. Depois de votar, disse ter "muita confiança". "Acredito na sabedoria do povo argentino", acrescentou.

Na última semana de campanha, Scioli enfrentou turbulências. A primeira, por denúncias de envolvimento com o narcotráfico contra um candidato de seu grupo ao governo da Província de Buenos Aires, o número 2 do kirchnerismo, Aníbal Fernández. Ele disputa a nomeação com o presidente da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez, a quem acusou de estar por trás das denúncias.

Outro desafio para Scioli são as inundações na região metropolitana de Buenos Aires, área historicamente dominada pelo peronismo. Houve chuva esparsa durante a manhã na região.

Seu principal rival na disputa pela presidência, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, aparece com 27% - a consultoria M&F dá 30,9% a sua coalizão, Cambiemos. O conservador optou pela campanha porta a porta na província governada nos últimos oito anos por Scioli - região que, excluída a capital, tem 37% dos eleitores do país. Uma votação expressiva do conservador, que o coloque claramente como segundo colocado, tende a torná-lo alvo do "voto útil" anti-kirchnerista em outubro.

Uma preocupação para a primária é o roubo de cédulas por eleitores de candidatos rivais. No sistema argentino, o votante coloca em um envelope uma espécie de santinho que leva o nome de todos os candidatos de um grupo político. Essas cédulas, que chegam a 1,20 metro de comprimento, ficam na sala escura de votação, o que permite a um eleitor tirar do lugar as dos adversários.

Cabe aos partidos manter os papéis de seus candidatos em número suficiente, mas muitos não têm estrutura para fiscalizar todas as mesas. Macri denunciou diretamente o roubo de cédulas de seu partido: "Alguns entram magros e saem gordos da sala de votação", afirmou depois de votar.

Em terceiro lugar nas sondagens eleitorais está Sergio Massa, ex-kirchnerista que liderou as pesquisas até o início do ano e tenta evitar a polarização entre Scioli e Macri. Segundo a mesma pesquisa, ele tem 12% das intenções de voto, o suficiente para ser o nomeado de seu grupo político, o UNA, batendo o rival peronista José de la Sota (6,8%). Ele pediu que não se falasse em fraude. "Todos os partidos têm a responsabilidade de cuidar seus votos."

A presidente, que deixa o poder após oito anos de governo, votou às 12h20 em Río Gallegos, na Província de Santa Cruz, a base política da família, que enfrenta greves em serviços públicos.

"Desde 1983 até hoje, as eleições para presidente foram marcadas por instabilidade política e muitas vezes econômica. Nesse sentido, a votação é inédita", afirmou, exaltando a "estabilidade argentina comparada à situação em países vizinhos".

A primária foi adotada na Argentina em uma reforma eleitoral em 2009. Para chegar a eleição de outubro, o grupo deve atingir pelo menos 1,5% dos votos. A votação termina às 18 horas e a previsão é de que os resultados saiam na madrugada da segunda-feira.

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