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Argentina se despede de Papa Francisco com milhares de pessoas na catedral de Buenos Aires

No final da cerimônia, diferentes grupos políticos e movimentos sociais se juntaram com seus instrumentos de percussão e cartazes à caminhada em volta da Praça de Maio

Argentina: milhares de fiéis se reuníram na catedral de Buenos Aires para rezar em homenagem ao Papa Francisco (Luis Robayo/AFP Photo)

Argentina: milhares de fiéis se reuníram na catedral de Buenos Aires para rezar em homenagem ao Papa Francisco (Luis Robayo/AFP Photo)

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 26 de abril de 2025 às 15h52.

Milhares de pessoas assistiram neste sábado à missa em homenagem ao Papa Francisco, celebrada em frente à Catedral de Buenos Aires. O arcebispo Jorge García Cuerva conduziu a cerimônia e fez um chamado para que a Igreja e a sociedade deem continuidade ao legado do sumo pontífice.

A cerimônia começou às 10h da manhã (horário local), enquanto uma multidão de fiéis, curiosos e argentinos orgulhosos de terem tido um papa de seu país chegava pela tradicional Avenida de Mayo com bandeiras, fotos e terços nas mãos.

Do altar, montado nas escadas da igreja, García Cuerva falou com emoção e, em alguns momentos, com a voz embargada pela tristeza compartilhada pela perda de Francisco.

"Choramos porque perdemos o pai de todos, choramos porque ainda não conseguimos entender completamente a sua liderança internacional", disse ele aos presentes.

Procissão passou por vários lugares emblemáticos de Buenos Aires (Emiliano Lasalvia/AFP)

Estiveram presentes os quatro bispos auxiliares, Dom Iván Dornelles, Dom Alejandro Pardo, Dom Alejandro Giorgi e Dom Pedro Cannavó, assim como outros bispos da Diocese da Argentina e padres da Arquidiocese de Buenos Aires.

Também compareceram representantes de grupos paroquiais de diferentes bairros da cidade, que destacaram a proximidade e a herança deixada pelo papa em suas comunidades.

"Ele nos deixou muitos ensinamentos, principalmente a humildade, a pobreza, que todos somos iguais. Não é porque ocupamos um cargo que somos mais que os outros, pelo contrário", disse à EFE Cecilia Ojeda, uma freira argentina.

Norma Toledo, outra religiosa, acrescentou: "Que ele também perdoe o povo argentino por tudo relacionado à política, não soubemos compreendê-lo, o julgamos, é assim. E eu gostaria que ele pudesse ter vindo ou ficado um pouco mais conosco".

"Sou muito grata porque ele foi realmente um papa para o mundo. Não se importou com raça nem religião", expressou, ao seu lado, a aposentada Amanda Ruiz na Praça de Maio, onde fica a Catedral de Buenos Aires.

Para a celebração desta missa, houve um grande esquema de segurança que incluiu o fechamento parcial do trânsito nas ruas ao redor da Praça de Maio, da catedral e da Casa Rosada (sede do Governo), o que acabou sendo exagerado para o número de pessoas que compareceram à cerimônia.

O Legado de Francisco

O dia deste sábado na Argentina serviu para lembrar os ensinamentos de Francisco.

"Lembremos das palavras do papa quando nos dizia: 'O mundo de hoje precisa chorar. Choram os marginalizados, choram aqueles que são deixados de lado, choram os desprezados, mas aqueles que levamos uma vida mais ou menos sem necessidades não sabemos chorar'", disse o arcebispo de Buenos Aires, cargo que Jorge Mario Bergoglio ocupou antes de se tornar papa.

"Francisco, como um bom pai, foi pai de todos, mas especialmente se preocupou com os mais frágeis, sua preferência pelos últimos, pelos marginalizados, pelos doentes, pelos descartados da sociedade", acrescentou García Cuerva.

Por sua vez, destacou que "Francisco, ao longo de seu pontificado, desmascarou profeticamente vários males que fizeram muito sofrer a humanidade".

Nesse sentido, falou da guerra, "que sempre favorece o lucro de poucos, em detrimento do bem-estar de populações inteiras", e do mal da exclusão, da cultura do descarte e da indiferença".

Também se referiu à "explosão de formas estranhas de agressividade, de insultos, de maus-tratos, de humilhações, de ataques verbais", que o papa chamava de "o terrorismo das redes".

Em seguida, ocorreu a comunhão com os presentes, entre os quais estavam a vice-presidente da Argentina, Victoria Villaruel; o prefeito da cidade de Buenos Aires, Jorge Macri; e o governador da província de Buenos Aires, o peronista Axel Kicillof.

No final da cerimônia, diferentes grupos políticos e movimentos sociais se juntaram com seus instrumentos de percussão e cartazes à caminhada em volta da Praça de Maio, em um abraço simbólico ao sumo pontífice, antes do aplauso espontâneo dos presentes e da entoação do Hino Nacional. EFE

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