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Argentina inicia fim do controle cambial e adota novo sistema para o dólar

País adota novo sistema de bandas para o dólar e espera injetar mais de US$ 23 bilhões na economia em 2025

Publicado em 14 de abril de 2025 às 06h55.

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A Argentina começa nesta segunda-feira, 14, uma nova etapa de seu plano econômico ao eliminar as restrições para compra de dólares.

A medida atende a uma exigência do acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para liberar um pacote de US$ 20 bilhões. No novo modelo, o dólar deverá oscilar entre 1.000 e 1.400 pesos.

O anúncio foi feito na sexta-feira, 11, no fim do dia, depois do fechamento dos mercados financeiros, para evitar volatilidade imediata.

Apesar da expectativa de movimentação intensa, o ministro da Economia, Luis Caputo, minimizou preocupações e afirmou a interlocutores que o governo está seguro da sustentabilidade do plano.

A previsão para o início do novo regime é de uma desvalorização inicial do peso argentino, estimulando a entrada de divisas a partir da liquidação de exportações.

Segundo fontes próximas à equipe econômica, ouvidas pelo jornal argentino La Nacion, o governo espera que a moeda estabilize gradualmente dentro da faixa estabelecida, sustentada por uma política de rigor fiscal e restrição monetária.

Esses fatores — redução do déficit público e controle da base monetária — são considerados essenciais para a terceira fase do programa econômico do presidente Javier Milei.

Além disso, o governo argentino prevê receber, já no dia seguinte à abertura do câmbio, a primeira parcela do acordo com o FMI, no valor de US$ 12 bilhões.

Com o aporte de outras instituições multilaterais, o país deverá somar mais de US$ 23 bilhões em 2025.

A administração de Milei acredita que, ao final deste processo, será possível apreciar o peso até o limite inferior da banda (1.000 pesos) e recuperar as reservas do Banco Central da República Argentina (BCRA), atualmente negativas em US$ 5,6 bilhões, com a meta de encerrar o ano com saldo positivo de US$ 4 bilhões.

Projeções de crescimento e inflação

De acordo com projeções do FMI, a economia argentina deve crescer 5,5% em 2025, enquanto a inflação anual poderá variar entre 18% e 23%. O superávit primário esperado é de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), embora Milei tenha elevado a meta para 1,6%.

Até 2027, as metas preveem que o superávit chegue a 2,5% do PIB, e que a inflação seja reduzida para 7,5% ao ano.

As principais reformas previstas no acordo

Entre os compromissos assumidos pelo governo argentino junto ao FMI, estão:

  • Reforma tributária: Apresentar uma proposta para simplificar o sistema de impostos e corrigir distorções até dezembro.

  • Modernização da legislação trabalhista: Introduzir mudanças para flexibilizar negociações salariais e facilitar processos de demissão.

  • Revisão da Previdência: Enviar ao Congresso, em dezembro de 2026, uma proposta para reformar as regras de aposentadoria.

  • Reestruturação dos subsídios energéticos: Substituir a atual segmentação por um único subsídio voltado apenas para famílias de baixa renda.

  • Otimização dos gastos sociais: Implementar um Sistema de Indicadores Sociais para melhorar a eficácia dos programas sociais até dezembro deste ano.

  • Liberar a compra de dólares: Fim das limitações para pessoas físicas adquirirem moeda estrangeira, embora o imposto de 30% sobre transações com dólar-cartão seja mantido.

  • Reforço nas reservas internacionais: Meta de acumular US$ 4 bilhões em 2025 e atingir US$ 19 bilhões até 2029.

  • Programa de privatizações: Lançar uma agenda de privatizações a partir de novembro.

  • Atualização da Lei de Ética Pública: Reformular a legislação de 1999 para aprimorar a governança e a transparência.

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