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Argentina fecha acordo financeiro de US$ 20 bilhões com os EUA

Medida pretende dar fôlego ao peso e sinaliza apoio político às vésperas do pleito legislativo

Agência o Globo
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Publicado em 20 de outubro de 2025 às 12h27.

O Banco Central da Argentina e o Tesouro dos Estados Unidos assinaram um acordo de linha de swap — acordo entre dois bancos centrais (ou entre um banco central e o Tesouro de outro país) para trocar moedas por um determinado período — no valor de 20 bilhões de dólares, anunciou a autoridade monetária em um comunicado nesta segunda-feira. O anúncio acontece às vésperas das eleições legislativas de meio de mandato, marcadas para este domingo.

O acordo, anunciado pela autoridade monetária argentina nesta segunda-feira, tem como objetivo, segundo o anúncio, "preservar a estabilidade de preços e promover o crescimento econômico sustentável em um país historicamente marcado por crises". O documento estabelece os termos e condições do arranjo bilateral de swap e deve reforçar a liquidez das reservas internacionais da Argentina.

Após o anúncio, os títulos argentinos denominados em dólar registraram alta. Os papéis com vencimento em 2035 subiram 0,6 centavo, sendo negociados a cerca de 56 centavos por dólar, segundo dados preliminares compilados pela Bloomberg.

O impacto nas reservas internacionais ocorrerá à medida que cada parcela do swap for ativada, de acordo com os critérios contábeis aplicáveis aos demonstrativos financeiros do Banco Central. Sendo assim, os desembolsos de cada etapa serão determinados conforme as necessidades que a autoridade monetária tiver no futuro.

Isso marca uma diferença em relação ao swap com a China, já que o firmado com o gigante asiático é refletido nas reservas, enquanto o assinado com os Estados Unidos não. Isso ocorre porque são operações que diferem em alguns aspectos técnicos e, portanto, têm contabilização distinta.

Ajuda com condição

Na semana passada, Milei se reuniu com o presidente Donald Trump na Casa Branca, enquanto sua equipe econômica, liderada por Luis Caputo, permaneceu em Washington para encontros com investidores e representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI). Durante a reunião, Trump afirmou que o apoio à nação sul-americana dependeria de um bom resultado eleitoral, o que preocupou investidores que temem que a ajuda só venha após o pleito.

O acordo busca fortalecer o peso argentino, que continua em queda apesar de o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, ter anunciado a compra de pesos e sinalizado há um mês que o acerto estava próximo. Operadores de câmbio na Argentina estimam que o Tesouro dos EUA vendeu mais de 200 milhões de dólares na última sexta-feira, em continuidade a intervenções realizadas nos dias anteriores.

O peso acumula desvalorização de 5,7% em outubro e de quase 30% no ano, o pior desempenho entre os mercados emergentes nos dois períodos. A medida faz parte de um pacote de ajuda financeira anunciado por Bessent na semana passada. Além da linha de swap, o secretário estaria elaborando como complemento uma linha de financiamento de 20 bilhões de dólares.

Os argentinos irão às urnas em 26 de outubro para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Com menos de dez por cento de representação atualmente, o partido libertário de Milei precisa de um bom desempenho nas eleições de meio de mandato para aprovar sua ambiciosa agenda de austeridade e demonstrar aos investidores que suas reformas de viés liberal vieram para ficar — apesar dos sucessivos reveses políticos enfrentados pelo país.

Uma derrota expressiva em uma eleição provincial no mês passado provocou queda dos títulos e da moeda, aumentando a apreensão do mercado em relação ao pleito nacional.
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