Mundo

Argentina e Uruguai: governistas sob pressão nas eleições

Na Argentina, o atual presidente Macri deve perder o pleito; no Uruguai, deve haver 2º turno entre governista Daniel Martínez e o opositor Luis Lacalle Pou

Cristina Kirchner e Alberto Fernández: em ato final de campanha, o candidato favorito assumiu o compromisso de não falhar (Ricardo Moraes/Reuters)

Cristina Kirchner e Alberto Fernández: em ato final de campanha, o candidato favorito assumiu o compromisso de não falhar (Ricardo Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 06h55.

Última atualização em 25 de outubro de 2019 às 07h13.

Argentinos e uruguaios vão às urnas no fim de semana em eleições que podem definir o futuro político e econômico não só de seus países, como do Mercosul e da América do Sul.

Na Argentina, o opositor Alberto Fernández e sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner, são os favoritos a vencer a disputa já no primeiro turno, em 27 de outubro.

Ainda que o atual presidente, Mauricio Macri, tenha sucesso em levar a eleição para o segundo turno, não será porque os eleitores acreditam que o atual presidente resolverá os problemas do país. Será por causa do temor de um agravamento da crise. O dilema argentino é tema de reportagem da edição de EXAME que chegou às bancas nesta quinta-feira.

O próximo presidente argentino terá de lidar com uma recessão que já dura dois anos, uma inflação que passa dos 52% ao ano, uma pobreza crescente e a falta de confiança do setor privado. O desafio é como aumentar gastos para evitar uma piora nas condições de vida da população empobrecida e continuar a fazer ajustes para manter as finanças públicas sob controle. A insatisfação com o custo de vida em meio aos ajustes é o que levou à queda na popularidade de Macri.

Alberto Fernández tem sinalizado a investidores que não fará loucuras, mas é dada como certa uma renegociação das dívidas com o Fundo Monetário Internacional. O país deve começar a pagar em 2021 o empréstimo de 57 bilhões de dólares que recebeu do FMI em 2018.

O setor privado teme a volta das políticas populistas dos anos Kirchner, mas está desencantado com o atual presidente, que assumiu o cargo no fim de 2015. O ano de 2017 foi o único em que houve expansão econômica no governo Macri. A relação com o Brasil é uma grande dúvida a ser respondida em caso de vitória de Fernández.

O candidato visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba, e tem sido alvo constante de Jair Bolsonaro. O presidente brasileiro voltou a afirma esta semana que o futuro do Mercosul está em risco caso a Argentina adote práticas “bolivarianas”.

Em ato de encerramento de campanha, ontem, Fernández afirmou que tem o “compromisso de não falhar”. Cristina afirmou que seu colega de chapa foi “o chefe de gabinete que pagou ao FMI a dívida que o país arrastava desde 1957”, e que “sempre pagamos a dívida que outros contraíram”.

No Uruguai, o partido de esquerda Frenta Ampla corre risco de perder as eleições depois de 15 anos no poder. O candidato governista e ex-prefeito de Montevidéu, Daniel Martínez, deve ir ao segundo turno contra Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional. Pou tentará apoio de colorados e do Cabildo Aberto, partido de grande apoio entre os militares, para vencer no segundo turno. Os ventos no Rio de Prata são de mudança, seja à direita, seja à esquerda.

Acompanhe tudo sobre:Exame HojeLuiz Inácio Lula da SilvaMauricio MacriMercosul

Mais de Mundo

Israel afirma que não busca 'escalada ampla' após ataque a Beirute

Domo de Ferro, Arrow, C-Dome e Patriot: Conheça os sistemas de defesa aérea utilizados por Israel

Smartphones podem explodir em série como os pagers no Líbano?

ONU diz que risco de desintegração do Estado de Direito na Venezuela é muito alto