Mercosul: bloco sul-americano discute modernização e amplia flexibilidades em negociações comerciais (Emiliano Lasalvia / AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 23 de maio de 2025 às 15h51.
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, afirmou nesta sexta-feira que entre os membros do Mercosul há atualmente maior disposição para modernizar o bloco comercial fundado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
“Há uma maior receptividade, até mesmo por parte do Brasil, que costumava ser mais rígido. Todos estão entendendo que o Mercosul precisa se modernizar um pouco, ou então acabará falindo”, declarou Caputo durante discurso na Bolsa de Valores de Córdoba, na Argentina.
“Não devemos romper com o Mercosul, mas devemos ter maior flexibilidade para que cada país possa fazer os acordos que forem mais convenientes. Não podemos condenar nossos cidadãos ao que foi assinado há muitos anos, que em alguns casos é bastante rígido”, acrescentou.
O Mercosul realizará sua próxima cúpula de chefes de Estado nos dias 2 e 3 de julho em Buenos Aires, quando a Argentina entregará a presidência semestral ao Brasil.
Os ministros das Relações Exteriores dos países fundadores mais a Bolívia — em processo de adesão — já se reuniram duas vezes neste semestre, em 11 de abril e 2 de maio, na capital argentina.
Em meio a tensões comerciais globais devido a tarifas impostas pelos Estados Unidos, os parceiros do Mercosul concordaram em aprofundar a integração eliminando restrições ao comércio interno e avançando nas negociações para acordos comerciais com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) — Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça — e os Emirados Árabes Unidos.
Também decidiram ampliar as Listas Nacionais de Exceções (LNE), produtos para os quais cada país pode fazer exceções à Tarifa Externa Comum (TEC), que varia de 0% a 35% nas importações.
Atualmente, Brasil e Argentina podem incluir até 100 códigos em suas LNE; Uruguai, até 225; Paraguai, até 649.
Segundo acordo de abril, o total de produtos nas LNE pode ser aumentado em até 50 códigos tarifários, permitindo ajustes de tarifas além da TEC.
Essa ampliação, ainda pendente de aprovação formal, permitirá que países como a Argentina negociem concessões tarifárias específicas com os Estados Unidos.