Argentina: congelamento acontece após primarias presidenciais (Anita Pouchard Serra/Bloomberg/Bloomberg)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 18 de agosto de 2023 às 08h34.
Última atualização em 20 de outubro de 2023 às 19h02.
O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, anunciou na noite de quinta-feira, 17, um acordo com as refinarias e produtores para congelar os preços de combustíveis no país até 31 de outubro, um pouco depois do primeiro turno. "Concordamos, após um trabalho de entendimento entre as refinarias, os produtores e o Estado, que não haverá mais aumento de combustíveis até 31 de outubro", afirmou Massa no X (ex-Twitter). Também houve declarações do ministro à imprensa sobre o assunto.
A alta da taxa de câmbio oficial começou a ser transferida para o preço dos combustíveis na segunda-feira, quando os postos Shell, Axion e Puma Energy aplicaram o aumento de 12,5% na gasolina e diesel. A estatal YPF -- líder do mercado argentino -- reajustou os valores no mesmo percentual nesta sexta-feira.
As empresas que não seguirem a decisão do governo terão seus benefícios fiscais retirados, anunciou o ministro. Massa indicou que existirá um sistema de reclamações para a população no Ministério da Energia do país para realizar esse acompanhamento de preços.
No ano, os preços da gasolina e do diesel subiram em média 63%, em linha com a inflação acumulada até julho. No mesmo período, aumentou a diferença de preço entre o valor local do barril de petróleo (US$ 63, aproximadamente) e o preço internacional do Brent, que está em US$ 84.
O país enfrenta inflação superior a 100% ao ano e analistas preveem que ela acelere, com as turbulências nos mercados locais dos últimos dias e o forte aumento na taxa de juros adotado nesta semana pelo Banco Central da República Argentina (BCRA). Em 22 de outubro, haverá o primeiro turno na disputa presidencial, com Massa entre os candidatos. Massa ficou em terceiro lugar nas primárias do último domingo, vencidas por Javier Milei.
Além do congelamento dos combustíveis, a Argentina fixou a taxa de câmbio em 350 pesos por dólar até 30 de outubro, após desvalorização de 22% após as primárias para as eleições presidenciais no país. A medida foi realizada a pedido do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“É uma taxa de câmbio fixa que o governo estabeleceu, aumentando um pouco o preço do dólar”, afirmou a porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti, em entrevista coletiva, na qual descartou outro salto cambial.