Malcorra: "O que aconteceu com a Venezuela não é uma suspensão. É uma cessação de sua participação no Mercosul" (Kim Kyung-hoon / Reuters)
EFE
Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 19h24.
Brasília - A Argentina assumirá a presidência rotativa do Mercosul no próximo dia 1º de janeiro, mas sem a tradicional cúpula presidencial, informou nesta quinta-feira a ministra das Relações Exteriores argentina, Susana Malcorra, ao lado do chanceler José Serra.
Malcorra disse que os chanceleres dos quatro países fundadores do Mercosul se encontrarão na próxima semana em Buenos Aires para começar a discutir o plano de ação para o primeiro semestre de 2017 e deu a entender que a Venezuela não estará presente.
"O que aconteceu com a Venezuela não é uma suspensão. É uma cessação de sua participação no Mercosul", segundo decidiram Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, já que esse país não se adaptou às normas do Mercosul quatro anos após o início de seu processo de adesão ao bloco, explicou Malcorra.
A chanceler argentina ressaltou, no entanto, que as quatro nações fundadoras do Mercosul mantêm a "esperança de que a Venezuela se adeque o mais rápido possível (à legislação do bloco) e que, quando se corroborar seu nível de compromisso, volte a ser membro".
Mesmo assim, salientou que "uma pessoa não pode ser sócia de um clube e ter direitos de acesso sem ajustar-se às obrigações".
Em relação aos próximos meses, considerou que o Mercosul deve tentar acelerar as negociações para um acordo comercial com a União Europeia (UE), sobretudo pelo cenário propício que foi criado com a decisão do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de botar um freio nos acordos bilaterais negociados por seu país.
"A chegada de Trump pode interromper as negociações entre os Estados Unidos e a UE e queremos aproveitar a oportunidade para movimentar a agenda do Mercosul o mais rápido possível", frisou a ministra argentina.
Em sua primeira visita oficial ao Brasil, Malcorra foi recebida pelo presidente Michel Temer, com quem passou em revista, segundo disse, "toda a agenda" bilateral e regional, e houve uma total coincidência no sentido de "apostar no Mercosul", mas "em um Mercosul mais aberto ao mundo".