Mundo

Argélia realiza eleições nesta quinta

O regime argelino deseja superar o índice baixo de participação nas eleições legislativas de 2007, nas quais apenas 36% dos eleitores exerceram seu direito ao voto

Entre os 44 partidos que aspiram às 462 cadeiras do Parlamento se destacam os governantes Frente de Libertação Nacional (FLN) e Assembleia Nacional Democrática (RND) (Spencer Platt/Getty Images)

Entre os 44 partidos que aspiram às 462 cadeiras do Parlamento se destacam os governantes Frente de Libertação Nacional (FLN) e Assembleia Nacional Democrática (RND) (Spencer Platt/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2012 às 15h02.

Argel - Os argelinos foram convocados a participar nesta quinta-feira das primeiras eleições realizadas no país após a explosão do processo de mudanças vivido no mundo árabe, com a participação e o estímulo islamita como principais incógnitas.

Mais de 21 milhões e meio de argelinos têm direito a voto nestas eleições que medirão a confiança dos cidadãos no processo de reformas políticas iniciado em 2011 como contrapeso aos levantamentos populares na Tunísia, no Egito e na Líbia.

Com o presidente Abdelaziz Bouteflika na liderança, as autoridades argelinas e os líderes dos partidos políticos convidaram ao voto em massa uma população que assistiu com indiferença à campanha eleitoral.

"Peço a todos que saiam em massa no dia eleitoral para ingressar em um novo processo de desenvolvimento, reformas e progresso democrático em nosso país", disse na terça-feira Bouteflika em discurso realizado na cidade de Setif, 290 quilômetros ao leste de Argel.

O regime argelino deseja superar o índice baixo de participação nas eleições legislativas de 2007, nas quais apenas 36% dos eleitores exerceram seu direito ao voto.

"Não voto porque não tenho o hábito de votar", disse à Agência Efe um jovem que se identificou como Kamal e para quem as eleições são todas iguais.

Da mesma forma que Kamal, uma estudante que não quis se identificar comentou que não estava disposta a votar em políticos que não lhe tinham oferecido nenhum serviço.

"A vida que vivemos não é vida", opinou indignada, por sua parte, uma mulher que só se identificou como Fatiha e ressaltou que nunca votará. Para Fatiha, os preços dos produtos básicos, como as batatas, dispararam e a administração só funciona com o pagamento de subornos.


"Basta" disse, antes de insistir em várias ocasiões que o primeiro-ministro, Ahmed Ouyahia, deve abandonar o poder. Mas não todos os argelinos que se mostram contrários às eleições. Alguns, como Farouk Azur, vendedor ambulante, afirmam que votar representa um "serviço ao país e ao interesse geral".

Muhan, um idoso que observava os cartazes eleitorais colocados frente à sede dos Correios, no centro da capital, demonstrou a mesma opinião: "Certamente que votar é um serviço à nação".

Entre os 44 partidos que aspiram às 462 cadeiras do Parlamento se destacam os governantes Frente de Libertação Nacional (FLN) e Assembleia Nacional Democrática (RND), assim como a aliança islamita Argélia Verde.

Enquanto o FLN e o RND esperam repetir a vitória graças ao apoio tradicional de seus eleitores, a aliança islamita se mostra convencida de que dará uma reviravolta nas urnas e se transformará na força majoritária dentro da Assembleia Legislativa.

O primeiro-ministro, Dahou Ould Kablia, opina, por sua vez, que a nova Câmara se caracterizará por sua fragmentação.

Um dos pontos mais controversos divulgados pelo Movimento da Sociedade pela Paz (MSP), principal partido da Argélia Verde, é sua intenção de mudar a natureza do regime político argelino na reforma constitucional prometida por Bouteflika.

O MSP, que tem cinco ministros no Governo e lidera a aliança islamita, mostrou seu desejo de substituir o atual sistema presidencialista por um regime parlamentar.

Tanto o MSP, como seus dois parceiros na aliança, Islah (Reforma) e Al Nahda (Renascimento), além dos outros quatro partidos islamitas argelinos esperam se beneficiar da ascensão experimentada por esta corrente na região após a explosão das revoltas árabes. 

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaArgéliaMuçulmanosPrimavera árabe

Mais de Mundo

EUA não elevará tarifas a países que não as retaliarem, diz secretário do Tesouro

União Europeia aprova tarifas de retaliação contra os EUA em resposta às medidas de Trump

Irmã de Kim Jong Un diz que desnuclearização da Coreia do Norte não passa de um 'sonho'

Maduro assina decreto de emergência econômica de 60 dias em resposta a tarifas dos EUA