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Argel, de cidade sem vida a capital que nunca dorme

Durante o Ramadã, a capital da Argélia transforma-se em um agitado centro onde se multiplicam locais de lazer, shows e apresentações teatrais

Cozinheiro prepara alimentos durante o mês sagrado do Ramadã na Argélia (AFP/Getty Images)

Cozinheiro prepara alimentos durante o mês sagrado do Ramadã na Argélia (AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2014 às 12h41.

Argel - Durante as 29 noites do mês do Ramadã, a capital da Argélia, considerada por muitos moradores como "a cidade sem vida" por sua falta de entretenimento, transforma-se em um movimentado centro onde se multiplicam os locais de lazer, shows e apresentações teatrais.

Ao longo do ano, as pouco iluminadas ruas do centro de Argel se esvaziam após o pôr-do-sol.

Às oito horas da noite, a maior parte dos estabelecimentos e cafeterias já fechou, e é difícil encontrar pessoas passeando por suas ruas, com exceção de grupos de jovens que se reúnem nas calçadas e galerias para conversar e jogar dominó e cartas.

Mas, nas noites do Ramadã, tudo muda na capital do maior país da África.

Após a oração do "Tarawih" (reza feita durante o Ramadã antes de meia-noite), milhares de pessoas invadem as vias públicas iluminadas agora pelas vitrines das centenas de lojas que retomam sua atividade após o fim do jejum.

As calçadas mal podem conter esta maré humana que se mistura em sua margem com o rio de veículos que inunda as ruas do centro, onde a cada noite se vê um novo espetáculo.

Para muitos argelinos, as "layali Ramadan" (noites do Ramadã) são uma oportunidade única de quebrar a rotina do ano após uma longa jornada de jejum, especialmente em um período em que os quentes e úmidos dias de julho são especialmente longos para os fiéis.

"Para mim é indispensável sair à noite após a oração do Tarawih, para aproveitar com meus amigos as atrações deste mês sagrado e desfrutar desse momento tomando um chá com eles", disse Hussein, um jovem de 25 anos.

Nos bares ao ar livre na praça Maurice Audin, é quase impossível encontrar um canto para se sentar. Famílias com crianças, jovens, homens e mulheres sem pressa para voltar para suas casas animam as noites nas mesmas ruas que chamam a atenção em outras épocas do ano por sua aparência fantasmagórica.

Durante o período sagrado para os muçulmanos, que começou em 29 de junho e continuará até 28 ou 29 deste mês, também surgem nas ruas de Argel, assim como em muitas cidades do mundo árabe, centenas de "khaimas (tendas) do Ramadã".

Estes locais oferecem espetáculos de todos os tipos para atrair os argelinos em uma atmosfera inspirada nos relatos das "Mil e uma noites", entre goles de café e beliscadas no "qalb al loz" (coração de amêndoa), um tradicional doce à base de sêmola, mel e amêndoa.

Do popular bairro Bab al Ued até o tranquilo Hydra, as khaimas, as ruas e as noites ficam repletas de gente e animação.

Até um circo internacional, o "Circus Amar", instalou-se nos arredores da capital para oferecer espetáculos noturnos, que ficam lotados noite após noite.

Abdelmayid Zayed, responsável pela programação do Teatro Nacional de Argel, que multiplicou suas atividades durante este mês, diz que neste ano foi elaborado um programa para receber o máximo possível de espectadores.

"Neste ano organizamos um programa muito variado que inclui tanto peças teatrais como atividades musicais para um público de todas as idades, com preços simbólicos e acessíveis a todos os bolsos", disse Zayed à Efe.

Outras khaimas, especialmente as instaladas nos hotéis mais luxuosos da capital, também se enchem nas noites do ramadã, mas com preços que superam em até em 30 vezes os oferecidos pelo Teatro Nacional.

Além disso, alguns museus, como o MAMA (arte contemporânea) e o Bardo (história e arqueologia), transformam-se durante as noites em improvisadas salas de jazz ou terraços com música lounge.

Definitivamente, da capital "sem vida", Argel se transforma no mês do Ramadã na cidade que "nunca dorme".

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