Mundo

Arcebispo pede a renúncia do papa Francisco por casos de abuso nos EUA

O ex-embaixador do Vaticano escreveu que Francisco soube do caso em 23 de junho de 2013 e, mesmo assim, o papa "seguiu encobrindo"

Papa Francisco (Chris Jackson/Getty Images)

Papa Francisco (Chris Jackson/Getty Images)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 26 de agosto de 2018 às 14h29.

Dublin - O ex-núncio nos Estados Unidos Carlo Maria Viganò, de 77 anos, pediu a renúncia do papa Francisco ao assegurar que o pontífice tinha conhecimento desde junho de 2013 das acusações de abuso sexual relativas ao cardeal Theodore McCarrick, que foi punido em junho pelo Vaticano.

O arcebispo Viganò escreveu uma carta de 11 páginas que foi publicada neste domingo por alguns veículos de imprensa de linha editorial mais conservadora em vários países na qual, além disso, o prelado acusou outros membros da Cúria de formarem um "lobby gay" e acobertarem as acusações contra o cardeal americano.

A carta se baseia em acusações pessoais e o prelado não apresentou nenhuma documentação ou prova das mesmas.

O ex-embaixador do Vaticano escreveu que Francisco conheceu o caso em 23 de junho de 2013 porque ele mesmo o comunicou e, mesmo assim, o papa "seguiu encobrindo o cardeal ex-arcebispo de Washington, McCarrick".

Em junho, McCarrrick, de 88 anos, foi afastado do colégio cardinalício e o papa argentino "dispôs sua suspensão para exercer publicamente seu ministério sacerdotal, assim como a obrigação de que permaneça em uma residência que lhe será atribuída para uma vida de oração e penitência".

Viganò explicou na carta que foi o próprio pontífice quem lhe perguntou em 2013: "Como é o cardeal McCarrick?", e que informou ao pontífice que ex-arcebispo de Washington "corrompeu gerações de seminaristas e sacerdotes e o papa Bento XVI ordenou que ele se retirasse para uma vida de oração e penitência", e acrescentou que havia um relatório de tudo na congregação para os bispos.

"No entanto, Francisco fez dele o seu fiel conselheiro junto com Maradiaga (Óscar Andrés Rodríguez, cardeal hondurenho) (...) Só quando foi obrigado pela denúncia de um menor, e sempre em função do aplauso dos meios de comunicação, tomou medidas para, assim, proteger sua imagem midiática", acusou Viganò.

O arcebispo italiano considera que a carta foi ditada por sua consciência para que todos saibam que "a corrupção alcançou o topo da hierarquia eclesiástica" e pediu a Francisco, e a todos os envolvidos no acobertamento do caso McCarrick, que renunciem.

Viganò destacou que enviou vários relatórios sobre a conduta do ex-arcebispo de Washington, mas que foi ignorado pelos respectivos secretários de Estado de João Paulo II e Bento XVI, os cardeais Angelo Sodano e Tarcisio Bertone.

O ex-núncio também acusou o atual arcebispo de Washington, Donald Wuerl, sucessor de McCarrick, de conhecer as acusações, pois disse que ele mesmo o informou sobre o assunto em várias ocasiões.

Viganò fez acusações contra vários prelados pertencentes à ala mais progressista e próxima de Francisco, como o cardeal Maradiaga, e garantiu que também tem "relatórios" contra o recém-nomeado substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, o venezuelano Edgar Peña Parra.

O documento, com data de 22 de agosto, foi publicado hoje enquanto o papa se encontra em Dublin, na Irlanda, para o Encontro Mundial das Famílias e depois que Francisco qualificou de "crimes repugnantes" os abusos sexuais cometidos pelo clero na Irlanda e admitiu o "fracasso" da Igreja para lidar com a questão.

Acompanhe tudo sobre:abuso-sexualCriançasEstuproIgreja CatólicaPapa FranciscoPedofilia

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado